A demora para conclusão do inquérito policial sobre o acidente de avião que matou Marília Mendonça causou angústia para família dela, segundo o advogado que a representa, Robson Cunha. De acordo com ele, os resultados apresentados após quase dois anos de investigação têm "argumentos rasos" - leia nota na íntegra no final do texto.
"Essa demora apenas fez estender aos familiares uma angústia", disse o advogado.
"O que nos deixa com mais dúvidas do que com respostas, é o fato de ter sido apresentados argumentos “rasos” da ocorrência", completou.
Os resultados foram apresentados na quarta-feira (4). A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) atribuiu a responsabilidade ao piloto e copiloto por negligência e imprudência. Os dois, que morreram no acidente, foram acusados de homicídio culposo.
Relembre
Marília morreu aos 26 anos, em um acidente aéreo, quando estava a caminho de um show em Caratinga (MG). A poucos quilômetros do destino, o avião que ela viajava com o tio, Abicelí Silveira, e o produtor Henrique Ribeiro caiu próximo a uma cachoeira. Além dos três, morreram o piloto, Geraldo Medeiros, e do copiloto, Tarciso Viana.
Segundo a PCMG foram descartadas como causas dos acidente as falhas mecânicas na aeronave; possibilidade de mal súbito do piloto e do copiloto e o risco devido à existência de torres de tensão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
No último caso, segundo a polícia, ficou comprovado que não havia necessidade de sinalização em tais torres, pois se localizam fora da zona de proteção do aeródromo e das superfícies de decolagem, aproximação e aterrissagem, além de terem altura inferior a 150 metros, o que dispensa sinalização obrigatória.
Nota do advogado da família de Marília Mendonça:
A assessoria jurídica da família da artista Marília Mendonça, através do seu advogado Dr. Robson Cunha, traz algumas ressalvas à conclusão do Inquérito Policial apresentado no dia de hoje.
Ainda ontem, havia sido solicitado ao Delegado que presidiu o Inquérito Policial, Dr. Ivan Sales, cópia integral dos autos, mas fora negado, alegando que no dia de hoje seria encaminhado ao poder judiciário. Portanto, ainda não temos ciência dos termos da conclusão.
Entretanto, acompanhando a coletiva de imprensa na qual foram apresentados pontos do Inquérito Policial pelo Dr. Ivan, percebe-se que há um direcionamento para imputar aos tripulantes a responsabilidade exclusiva para a causa do acidente.
O que nos deixa com mais dúvidas do que com respostas, é o fato de ter sido apresentados argumentos “rasos” da ocorrência. O delegado responsável não demonstrou esforços para apresentar provas periciais capazes de ultrapassar alegações comuns e midiáticas acerca do caso.
Além disso, fica claro pelo excesso prazo que teve o inquérito policial e pela ausência de provas técnicas, que este apenas aguardava a conclusão do laudo do CENIPA para entregar o relatório final.
Entretanto, essa demora apenas fez estender aos familiares uma angústia pela espera e a ineficiência do Estado de Minas Gerais em manter sob sua guarda o material do inquérito policial que era sigiloso, permitindo que um policial divulgasse na internet fotos do exame de necropsia da artista Marília Mendonça.
- Assim que o Inquérito Policial for entregue ao poder judiciário, vamos tomar ciência e acompanhar junto ao Ministério Público a extensão dos trabalhos necessários para uma elucidação completa do caso, respondendo perguntas, como:
- Por que não foi respeitada a normativa internacional que obriga a sinalização nos cabos de energia existentes entre vales?
- Por que a localização do aeródromo nas coordenadas que são disponibilizadas aos pilotos pelos órgãos competentes estava errada?
- A quem competia a obrigação de fiscalizar a sinalização nos cabos de energia?