“O diálogo não pode ser apenas nacionalista, é universal, especialmente hoje com todas as facilidades que existem para nos comunicarmos. É por isso que falo de diálogo universal, de harmonia universal, de encontro universal. E é claro, o inimigo disto é a guerra. Desde que a Segunda Guerra Mundial acabou, até agora, tem havido guerras por todos os lugares. Foi o que me levou a dizer que estamos vivendo uma guerra mundial em pedacinhos.”
“A exploração é uma das origens da guerra. A outra origem é de tipo geopolítico de controle territorial. Há guerras que parecem infinitas, que nascem por razões culturais, mas na realidade são pelo domínio de território”, avalia.
“Também acredito que as guerras são promovidas pelas ditaduras. Existem ditaduras declaradas, encontramos muitas no mundo, e outras que não são declaradas, mas têm o poder de uma ditadura”, complementa.
Francisco também fala sobre a importância das crises na resolução de conflitos. “As crises são como vozes que nos dizem onde devemos proceder”, observa, ao destacar que as crises também geram crescimento, tanto para uma família quanto para um país ou uma civilização. “Se a resolveram bem, houve crescimento.”
Para o pontífice, é um erro acreditar na existência de um Messias capaz de resolver conflitos. “O Messias foi um só e salvou todos nós. O resto são todos palhaços messiânicos. Ninguém pode prometer a resolução de conflitos, a não ser através de crises ascendentes. E não só isso. Vamos pensar em qualquer tipo de crise política, em um país que não sabe o que fazer, na Europa, são várias... O que se faz? Estamos procurando um Messias que venha e nos salve de fora? Não. Vamos procurar onde está o conflito, agarrá-lo e resolvê-lo. Gerenciar os conflitos é uma sabedoria. Mas sem conflitos não podemos ir para frente.”
Na conversa com a presidenta da Télam, o papa também condenou a exploração do trabalho. “Quando você começa a contratar trabalhadores sem carteira assinada para evitar o pagamento de contribuições e negociar o futuro dessas pessoas com a escravidão, é aí que o trabalho começa a adoecer. E, em vez de dar dignidade, o trabalho confere escravidão. Temos que estar muito atentos a isso. E quero deixar bem claro que não sou comunista como dizem alguns (risos). O papa segue o Evangelho.”
Com informação da Agência Brasil