As fotos dos “mártires”, conforme descreve a própria artista no texto que contextualiza a obra, aparecem em diversos lugares, desde as lápides de cemitérios até em porta-retratos fixados sobre o sofá da sala de estar da família. Em algumas imagens, os jovens seguram armamentos; em outras, não há nenhum sinal bélico aparente.
Ahlam Shibli faz trabalhos com estética documental desde a década de 1990. Nascida em 1970, na Palestina, produziu diversas séries retratando aspectos do conflito que afetam a população de seu país. Também investigou temas como os imigrantes na Alemanha e os traumas coloniais da França, país que viveu a resistência ao nazismo e nas décadas seguintes promoveu guerras sangrentas contra os territórios que escaparam a sua dominação.
“Somente chorar e gritar me mantém respirando. Eu não sei sequer se ainda faz sentido respirar”, disse a artista à Agência Brasil no final de outubro, em breves palavras por e-mail, ao comentar os horrores da guerra entre Israel e Palestina. O conflito mais recente, iniciado há 2 meses após ataques do Hamas a Israel, já vitimou mais de 16 mil pessoas em Gaza. O número de vítimas israelenses passa de 1,2 mil, a maioria no ataque de 7 de outubro.
Ahlam disse estar “extremamente chocada” com os desdobramentos da guerra no Oriente Médio, especialmente com os ataques a hospitais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) contabiliza 236 ataques aos serviços de saúde na Cisjordânia desde o início de outubro, com a escalada dos ataques de Israel à região, com dados atualizados até 7 de dezembro.
Com informação da Agência Brasil