Segundo o Censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os hábitos e necessidades de moradia dos brasileiros têm mudado ao longo dos anos. Em 2010, cerca de 80% da população morava em casas e esse número caiu para cerca de 70% em 2022. Em contrapartida, outras formas de habitação têm crescido. Em 2010, cerca de 15% da população morava em prédios, doze anos depois esse percentual subiu para 25%. Ainda conforme o IBGE, os condomínios horizontais ou de casas, abrigam atualmente 4% das famílias brasileiras, percentual que é o dobro do registrado em 2010.
Essa discussão sobre o que seria melhor, casa ou apartamento, é antiga. No entanto, especialistas do mercado imobiliário concordam que não se trata de um tipo ser superior ao outro, mas sim de encontrar um imóvel que atenda às condições econômicas e às necessidades de moradia atuais de uma família. Pedro Ricardo Santin Teixeira, sócio-diretor da Urbs Imobi e da Urbs Alpha Mall, explica que a melhor moradia é a que se adequa ao estilo e momento de vida de cada pessoa ou família. “Nós somos indivíduos únicos, seres humanos, formamos casais e famílias de diferentes estilos, com necessidades diferentes, objetivos diferentes, preferências, gostos diferentes. Portanto, a escolha do imóvel está totalmente ligada a mudanças que acontecem na nossa vida pessoal e na nossa vida profissional”, avalia ele.
A arquiteta e urbanista Andréia Spessatto Baratto reforça que os quesitos para uma moradia ideal são muito particulares e muitas vezes subjetivos. De acordo com ela, para quem está indeciso sobre escolher entre um condomínio vertical e um horizontal, é preciso levar em conta, além, é claro, da capacidade financeira para comprar e manter o imóvel, aspectos como a “relação entre localização e a rotina diária da família, a liberdade que essa família precisa, o momento, ou seja, se os filhos estão pequenos e em idade escolar, se já se trata de um casal master e com netos, o tipo de segurança que essa família quer e precisa, se às áreas de lazer do empreendimento serão de fato usadas por essa família e outros pontos que contribuem para o conforto e o bem-estar de todos. “Opções de bons projetos de condomínios horizontais e verticais não faltam, o que a família precisa entender bem é quais as suas necessidades de moradia e encontrar um projeto que seja alinhado com o estilo de vida”, sugere a arquiteta.
Fase de vida O gerente comercial e de marketing da Euro Incorporações, Henrique Campelo, revela que percebe o quão a fase de vida em que a família está pode impactar nas necessidades de moradia e na decisão de compra de imóvel. Segundo ele, cerca de 40% dos clientes da incorporadora onde atua são ex-moradores dos principais condomínios horizontais de Goiânia. “Vejo que muitas famílias saem das casas em condomínios horizontais porque estão vivendo mudanças na família, como por exemplo, quando os filhos crescem, saem para estudar fora ou mesmo se casaram e a residência, que antes era cheia, fica grande demais e com uma manutenção básica bem mais alta se comparado com a de um apartamento do mesmo padrão”, observa.
Henrique Campelo explica, inclusive, que muitos projetos de condomínios verticais, especialmente os de alto padrão, estão levando em conta esse perfil de morador que vem de condomínio horizontal, mas quer manter alguns confortos que até então eram típicos só das habitações horizontais. “Muitas pessoas querem a economia e a praticidade que um apartamento oferece, mas querem ter também alguns ‘privilégios’, confortos que tinham no condomínio horizontal. Nesse sentido, num de nossos empreendimentos, o Europark, que fica no Parque Lozandes, agregamos o acesso a um Parque Privativo, com mais de 7 mil metros quadrados. Como a localização é muito boa, esse nosso cliente conta uma tranquilidade incomparável com bairros mais adensados, mas ao mesmo tempo está perto de tudo”, relata ele.
Localização e comodidade A família da publicitária e empresária Tauhana Porto está entre os que decidiram trocar um condomínio horizontal por um prédio. Ela explica que o que pressionou na decisão para a mudança foi a necessidade de uma localização mais estratégica, com acesso mais fácil a uma ampla rede de comércio e serviço. Tauhana conta que morou em casa entre 2012 e 2016 e diz que na época ela e o marido gostaram da ideia de morar num imóvel bem amplo em que fosse possível fazer um projeto mais personalizado.
A publicitária inclusive afirma que o residencial horizontal onde morava era muito bom e possuía uma estrutura que atenderia as crianças no futuro. Porém, com o tempo, ela e marido perceberam que cuidar do imóvel e fazer as manutenções por conta própria dava muito trabalho e também sentiu que o condomínio, que ficava em Aparecida de Goiânia, era distante dos locais que precisam ir sempre, optando assim por voltar a morar em apartamento. “Embora fosse uma casa muito boa e um condomínio com uma ótima estrutura, a localização, que para nós não era a ideal, começou a impactar bastante no nosso dia a dia, no tempo para irmos ao trabalho e também no tempo e gastos para a manutenção da casa”, pontua a empresária.
Hoje, como mãe do Davi (8 anos) e da Sarah (5 anos), Tauhana conta que está contente com a decisão de fazer a mudança ainda em 2016, quando tinha apenas um filho, que ainda era bem pequeno. “Queríamos mudar para um apartamento que tivesse uma área de lazer mais completa, para oferecer uma melhor infraestrutura para nossos filhos aproveitarem. Outro detalhe que eu e meu marido levamos em conta, foi a localização estratégica, de fácil acesso, próxima à minha família, que é minha rede de apoio, e de todos os serviços que eu preciso como escola, shopping, consultórios e outros”, lembra.
O especialista imobiliário Pedro Teixeira reforça que não há essa ideia de que apartamento seja melhor que casa ou vice-versa, e que o imóvel será bom se ele atender da melhor maneira possível as necessidades de moradia de uma família. Mas ele reconhece que a grande maioria dos projetos de condomínios horizontais na Grande Goiânia, apesar de trazer ótimos projetos, ainda estão em áreas mais afastadas e muitas vezes não contemplam as conveniências que somente um bom condomínio horizontal pode oferecer. “Se você gosta de comodidades como fazer o mercado a pé, ou ir à farmácia e à padaria também pé, ou então morar próximo do trabalho e das escolas das crianças, escolher um prédio com ampla área de lazer e uma localização centralizada acaba sendo a melhor opção”, afirma.