Uma nova solicitação de relatórios feita pela equipe de transição do governador eleito Ronaldo Caiado ao Governo de Goiás na segunda-feira (5) marca mais um capítulo do desentendimento entre democratas e tucanos. A intensão declarada de Caiado é realizar uma análise técnica mais apurada sobre “danos econômicos causados caso não haja pagamento salarial de servidores” dessa esfera pública nos dois últimos meses do ano. Segundo ele, a medida pode desencadear bloqueio de empréstimos do Governo Federal e ainda provocar um rombo de R$ 2 bilhões na economia estadual, o que resultaria num “forte impacto”, ou seja, aumento, na arrecadação de impostos em 2019. De acordo com estudo da equipe de Caiado, estima-se que as remunerações dos servidores estaduais representem 15,7% do conjunto de salários de trabalhadores goianos, ou seja, 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) goiano. Assim, a possibilidade – sinalizada pelo decreto 9.436 publicado por Eliton na última sexta-feira (2) – de não pagamento desses funcionários geraria um impacto negativo no PIB anual de 1,1%, compatível com mais de R$ 2 bilhões. “Considerando que boa parte das remunerações destina-se ao consumo de bens e serviços, teríamos forte impacto na arrecadação de imposto em 2019”. É o que aponta o corpo técnico responsável pela análise dos dados econômicos para transição de governo. Ronaldo, por sua vez, afirma querer “às claras” o que está causando “esse colapso” em diversos setores da economia estadual. “Segurança, saúde, salários de funcionários, matrículas dos alunos, empregos que serão ceifados nesse período de final de ano. É uma preocupação de todos os funcionários públicos se vão receber ou não. É um momento delicado para a economia do Estado. Vejam bem, são duas folhas de pagamento. Estamos falando de R$ 2,6 bilhões. São valores substantivos”, destacou
Desgaste
Para temperar o desgaste, o grupo democrata ainda reclamou publicamente de “dados artificiais” entregues pela administração em exercício para “esconder” a realidade “grave, gravíssima”, das contas goianas. Por isso, agora, em um ofício protocolado na segunda-feira (5), a equipe de Ronaldo solicita, de forma mais específica, relatórios, projeções, cronogramas e relações de despesas e dívidas. Clique para ter acesso ao requerimento. Para o senador, o pedido é crucial para que haja transparência. Segundo ele, sua equipe não recebeu relatórios efetivos, mas números que já estão disponíveis no Portal da Transparência. “Você precisa saber a realidade operacional do Estado. Essa gravidade não pode ser sinalizada de uma forma artificial, dizendo ‘está tudo bem’”, afirmou ele na segunda-feira (5). O futuro governador ainda completou, criticando os dados e documentos recebidos. “Não me interessa saber quantos funcionários públicos têm, quantos estão sendo remanejados. Me interessa saber, objetivamente, qual é a capacidade de arrecadação, quais as dívidas, os contratos, o que vai trazer consequência direta quando eu assumir o governo”.
Palácio Pedro Ludovico Teixeira, sede do governo estadual (Foto: divulgação/Estado de Goiás)