03/09/2024 às 14h56min - Atualizada em 03/09/2024 às 14h56min

30% das crianças em Goiás estão acima do peso

Os dados são do Ministério da Saúde e do Atlas Mundial da Obesidade. Para especialistas, isso é reflexo dos maus hábitos alimentares da família, pouca prática esportiva e excesso de telas

Imagem criada por inteligência artificial
Um cenário preocupante vem sendo observado em Goiás: um número cada vez maior de crianças está acima do peso. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 30% da população goiana de até 10 anos tem, ao menos, sobrepeso. A situação é a mesma em todo o Brasil e o prognóstico para daqui 11 anos é ainda pior: este número deve chegar a 50%.
 
Jéssica França, médica endocrinopediatra do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia - Iris Rezende Machado (HMAP), unidade pública administrada pelo Einstein, alerta que crianças com sobrepeso têm maior risco de alteração nos índices de colesterol, hipertensão, diabetes, apneia obstrutiva do sono, deformidades e dores nas pernas, problemas na pele e muitas outras complicações, o que se reflete na saúde pública. Na unidade, 32% das crianças que fazem acompanhamento com endócrino apresentam algum nível de obesidade.

 
A especialista esclarece que essa situação é multifatorial e os principais motivos estão relacionados ao ambiente em que a criança está inserida. “Hoje em dia, os principais fatores são alimentação, sedentarismo e excesso de telas”, explica. De uma forma geral, a criança deve ter acompanhamento regular com o pediatra, semestral ou anual, a depender do caso, para identificar a velocidade de ganho de peso. “Se a criança vem ganhando peso de forma rápida, perdendo roupas ou nitidamente está com a circunferência abdominal aumentada, é preciso acender o alerta, já que a obesidade é um fator que pode predispor a doenças cardiovasculares e outros problemas de saúde”, destaca.
 
Crianças com sobrepeso ou com alterações endócrinas, como disfunção na tireóide, puberdade precoce e baixa estatura, são encaminhadas para o HMAP por meio de um sistema de regulação municipal. As que chegam à unidade por outro motivo também são classificadas quanto ao status nutricional e podem, a partir daí, serem diagnosticadas com obesidade e iniciar um tratamento no hospital. O primeiro passo é comunicar os pais ou responsáveis. “É importante sinalizar isso de uma forma bem acolhedora. Vejo que esse é um assunto sensível para os pais, porque, às vezes, eles também convivem com a condição”, comenta a médica.
 
Atualmente, o diagnóstico de obesidade infantil é feito segundo critérios da Sociedade Brasileira de Pediatria, por meio do Índice de Massa Corporal (IMC). Esse valor é classificado em gráfico que considera a idade e gênero de cada criança. O pilar do tratamento consiste na reeducação alimentar, prática de atividade física e redução do tempo de tela, mas em casos mais graves ou com comorbidades associadas, torna-se necessário o uso de medicamentos.
 
Prevenção – a endocrinopediatra Jéssica França sugere a adoção de práticas saudáveis desde os primeiros meses de vida, como o aleitamento materno exclusivo até 6 meses e complementar até os 2 anos, evitar oferecer alimentos e bebidas açucaradas antes dessa idade, incentivar a realização de atividade física regular apropriada para cada faixa etária e reduzir o tempo de exposição de tela (tablet, celular, TV, videogames, entre outras)..
 
Sobre o HMAP – O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) foi inaugurado em dezembro de 2018 e é o maior hospital do Estado feito por uma prefeitura. Administrado pelo Einstein desde de junho de 2022, foi construído numa área superior a 17 mil metros quadrados, onde atua com mais de 1.100 colaboradores para o atendimento de casos de alta complexidade, incluindo hemodinâmica e cirurgia bariátrica, além de várias especialidades cirúrgicas e diagnósticas. A estrutura contempla 10 salas de cirurgia e 235 leitos operacionais, sendo 10 de UTI pediátrica, 39 de UTI adulto, 31 de enfermaria pediátrica, e 155 leitos de clínica médica/cirúrgica.
 
Trata-se da primeira operação de hospital público feita pelo Einstein fora da cidade de São Paulo. Nos primeiros seis meses de gestão, as filas de UTI da unidade foram reduzidas consideravelmente e a capacidade de atendimento dos leitos, dobrada. Já as longas filas de espera para cirurgias eletivas foram diminuídas em menos de um ano, feito alcançado graças a iniciativas como mutirões cirúrgicos, que priorizaram demandas urgentes. O tempo de permanência dos pacientes no hospital também foi reduzido de 9,5 para 5 dias. Em relação à mortalidade, em junho de 2022 a taxa era de 15,33% e, seis meses depois, de 3,6%.
 


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