Era um domingo de manhã quando o auxiliar de obra J.D., 56 anos, sentiu fortes dores no peito. Rapidamente, ligou para a esposa
, que acionou o SAMU. Morador de Aparecida de Goiânia, o paciente foi levado ao HMAP e em cerca de uma hora já havia sido submetido ao cateterismo (exame que revela anatomia dos vasos) e angioplastia (procedimento de desobstrução de vasos), já que o diagnóstico foi de infarto. Passado pouco mais de um mês, o paciente se recupera bem. A vida dele foi salva graças à agilidade no protocolo de atendimento do Supra, projeto implementado há um ano no Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), unidade pública gerida pelo Einstein.
O projeto Supra propõe a identificação precoce via inteligência artificial de sintomas de infarto com supradesnível do segmento ST, uma síndrome coronariana aguda que bloqueia o fluxo sanguíneo para o músculo do coração. Em um ano, a iniciativa, que funciona em parceria com a Secretaria Municipal de Aparecida de de Goiânia, já atendeu 223 pacientes. “A rapidez e a assertividade da atuação da equipe no acolhimento do paciente define como será sua qualidade de vida no pós-operatório
, e é por isso que o projeto Supra é tão importante”, destaca Felipe Piza, diretor médico do HMAP e do Einstein Goiânia.
Como funciona - Assim que o paciente chega numa UPA ou Cais de Aparecida de Goiânia ou é atendido pelo SAMU com suspeita de infarto, inicia-se o protocolo do Supra. É feito, então, um eletrocardiograma em aparelhos compatíveis com uma plataforma de telemedicina que usa inteligência artificial (IA) para diagnóstico de infarto, por meio da qual os resultados são validados remotamente por cardiologistas do Einstein
, em São Paulo. O laudo é devolvido em até 10 minutos e, havendo alteração compatível com infarto agudo do miocárdio, um alerta é disparado para todos os envolvidos: a regulação do município, o HMAP e o SAMU, que leva o paciente até o hospital em até 40 minutos.
Ao chegar na unidade, a equipe médica já tem informações suficientes para atender aquele paciente de forma ágil. Quanto mais rápida a intervenção, maior a retomada do fluxo sanguíneo no coração. “Além de salvar vidas, a angioplastia precoce melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes e diminui a ocorrência de complicações graves, como insuficiência cardíaca pós-infarto, arritmias e choque cardiogênico, proporcionando uma recuperação mais rápida e com menos sequelas”, explica Maurício Boaventura, coordenador médico do departamento de pacientes graves do HMAP. Todos os fluxos, processos e protocolos do projeto foram desenvolvidos pela equipe do Einstein, seguindo diretrizes internacionais.
Hemodinâmica – o projeto Supra foi desenvolvido logo após a inauguração oficial da ala de hemodinâmica do HMAP, em 2023. O setor já realizou mais de 4.500 procedimentos como angioplastias, cateterismos, implantação de stents, implantes de marca-passo definitivo e outras intervenções ligadas à saúde cardiovascular. Antes do funcionamento da unidade de hemodinâmica no HMAP, pacientes de Aparecida com infartos ou problemas circulatórios aguardavam vagas de internação em outras cidades. Agora, além dos moradores de Aparecida, são atendidos casos eletivos e urgentes de outras 26 cidades da macrorregião estadual Centro-Sul, trazendo um impacto significativo na saúde regional.
Sobre o HMAP O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) foi inaugurado em dezembro de 2018 e é o maior hospital do Estado feito por uma prefeitura. Administrado pelo Einstein desde junho de 2022, foi construído numa área superior a 17 mil metros quadrados, onde atua com mais de 1.100 colaboradores para o atendimento de casos de alta complexidade, incluindo hemodinâmica e cirurgia bariátrica, além de várias especialidades cirúrgicas e diagnósticas. A estrutura contempla 10 salas de cirurgia e 235 leitos operacionais, sendo 10 de UTI pediátrica, 39 de UTI adulto, 31 de enfermaria pediátrica, e 155 leitos de clínica médica/cirúrgica.
Trata-se da primeira operação de hospital público feita pelo Einstein fora da cidade de São Paulo. Nos primeiros seis meses de gestão, as filas de UTI da unidade foram reduzidas consideravelmente e a capacidade de atendimento dos leitos, dobrada. Já as longas filas de espera para cirurgias eletivas foram diminuídas em menos de um ano, feito alcançado graças a iniciativas como mutirões cirúrgicos, que priorizaram demandas urgentes. O tempo de permanência dos pacientes no hospital também foi reduzido de 9,5 para 5 dias. Em relação à mortalidade, em junho de 2022 a taxa era de 15,33% e, seis meses depois, de 3,6%.