Em funcionamento desde fevereiro do ano passado, o Departamento de Hérnias Complexas do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP), administrado pelo Einstein, conseguiu zerar as filas para cirurgias de correção de hérnias do município. Em um ano e sete meses, foram 251 cirurgias de hernioplastia, proporcionando mais qualidade de vida e prevenindo complicações para estes pacientes.
O coordenador do departamento de Hérnias Complexas do HMAP, o cirurgião geral Renato Miranda de Melo, explica que, na unidade, a grande maioria das cirurgias de hérnias incisionais medianas é realizada por meio de uma técnica inovadora pouco difundida, que permite o uso do próprio tecido do paciente como reforço para reconstruir a musculatura, dispensando materiais sintéticos. A técnica é conhecida pelo nome de seu desenvolvedor, o médico e professor mineiro Alcino Lázaro da Silva.
“De janeiro deste ano até agora fizemos 53 cirurgias de hérnia usando a técnica de Alcino Lázaro da Silva”, explica. Renato foi aluno do desenvolvedor da técnica e se considera um entusiasta do procedimento que já tem mais de 50 anos. “A gente aproveita um tecido do próprio paciente, chamado ‘saco herniário’, para reforçar a musculatura do abdome, que volta a ser capaz de segurar os órgãos internos na posição em que eles devem ficar, extinguindo a hérnia e devolvendo ao paciente um aspecto funcional e estético mais próximo do normal”, esclarece.
Causas
Cassio Gontijo, cirurgião geral do HMAP, que integra o Departamento, explica que a hérnia acontece quando existe uma ruptura dos músculos abdominais fazendo com que os órgãos internos do abdome “escapem”. Se não tratada, aumenta com o passar do tempo, tornando um caso que era de simples resolução em algo mais complexo. “Havia uma dificuldade de acesso dos pacientes do SUS de Aparecida e região para a correção do problema. Com a estruturação do nosso Departamento, isso deixou de acontecer”, explica. As hérnias incisionais, que são a maioria tratada no HMAP, são aquelas que acontecem por causa de um corte no abdômen, realizado em uma outra cirurgia.
A falta de acesso aos cuidados em saúde são fatores que podem agravar a hérnia, assim como a condição clínica do paciente. O uso de medicações como corticóides e o tabagismo, por exemplo, são fatores a serem considerados. “Traumas que precisam ser tratados cirurgicamente com urgência, como agressão por arma de fogo, arma branca ou até mesmo acidentes de trânsito, também favorecem o aparecimento de hérnias”, esclarece. Para o médico, poder devolver a atividade laboral e social plena de um paciente é um ganho inestimável. “Os pacientes voltam a confiar no próprio corpo para realizar qualquer tipo de atividade”, pontua.
Especialidade e eficiência
Os especialistas chamam a atenção ao que consideram “ciclo vicioso da recidiva”, ou seja, quando a hérnia não é tratada de forma eficiente. Nesses casos, pode voltar a aparecer, e a segunda cirurgia de correção tem uma taxa de sucesso menor. E a cada nova recidiva, a intervenção tem menos chances de dar certo.
Nesse contexto, os médicos destacam a importância de um serviço bem organizado, composto por especialistas e um hospital com boa infraestrutura, que conte com centro cirúrgico, equipes de apoio e equipamentos modernos. “Uma equipe preparada para solucionar hérnias mais complexas faz com que haja menos chance de reincidência”, explica o médico.
O Departamento de Hérnias Complexas do HMAP é composto por seis cirurgiões, quatro anestesistas e uma enfermeira. Em média, são feitas 5 cirurgias de hérnia complexas por semana na unidade.
Renato Miranda de Melo, médico especialista em Cirurgia Geral (CRM: 11303 / RQE: 7491)
Cássio Gontijo, médico especialista em Cirurgia Geral e Cirurgia do Aparelho Digestivo (CRM: 17082 / RQE: 19273 / RQE: 19274)
Sobre o HMAP
O Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) foi inaugurado em dezembro de 2018 e é o maior hospital do Estado feito por uma prefeitura. Administrado pelo Einstein desde junho de 2022, foi construído numa área superior a 17 mil metros quadrados, onde atua com mais de 1.100 colaboradores para o atendimento de casos de alta complexidade, incluindo hemodinâmica e cirurgia bariátrica, além de várias especialidades cirúrgicas e diagnósticas. A estrutura contempla 10 salas de cirurgia e 235 leitos operacionais, sendo 10 de UTI pediátrica, 39 de UTI adulto, 31 de enfermaria pediátrica, e 155 leitos de clínica médica/cirúrgica.
Trata-se da primeira operação de hospital público feita pelo Einstein fora da cidade de São Paulo. Nos primeiros seis meses de gestão, as filas de UTI da unidade foram reduzidas consideravelmente e a capacidade de atendimento dos leitos, dobrada. Já as longas filas de espera para cirurgias eletivas foram diminuídas em menos de um ano, feito alcançado graças a iniciativas como mutirões cirúrgicos, que priorizaram demandas urgentes. Nos primeiros seis meses de gestão Einstein, o tempo de permanência dos pacientes no hospital também foi reduzido de 9,5 para 5 dias. Em relação à mortalidade, em junho de 2022 a taxa era de 15,33% e, seis meses depois, de 3,6%.