26/09/2019 às 14h11min - Atualizada em 26/09/2019 às 14h11min
Solidariedade e logística garantem doações de órgãos em Goiás
Em julho deste ano, uma jovem de 24 anos teve diagnóstico de morte encefálica (ME) no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), uma das unidades da Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO). Uma perda inestimável, sobretudo para a família, que, em um nobre gesto, aceitou doar os órgãos da moça. Córneas, coração, rins, fígado e pâncreas foram retirados para garantir um recomeço para outras pessoas. Além de solidariedade e consciência social, decisões como essa exigem também uma complexa logística, coordenada pela Gerência de Transplantes (GT) da Secretaria com apoio de instituições como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e Corpo de Bombeiros Militar (CBM). Graças ao engajamento das equipes dessas instituições, o coração da jovem seguiu para o Distrito Federal, em avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Do Hugo até o Aeroporto Internacional de Goiânia, uma ambulância do Samu, tendo à frente batedores do CBM, levou o precioso órgão, que precisava estar no corpo do receptor em, no máximo, 4 horas após ter sido retirado. O fígado seguiu para o Rio de Janeiro, em voo comercial, mesmo tipo de transporte que conduziu o pâncreas para São Paulo. As córneas e um dos rins ficaram em Goiás – outro foi levado para o Pará, também em avião de carreira. “Há um convênio entre o Ministério da Saúde e as companhias aéreas que garante como prioridade o transporte de órgãos, tecidos e equipes (que os conduzem)”, explica a coordenadora de Captação de Órgãos e Tecidos da SES-GO, Katiúscia Freitas. Ela conta que o processo exige o acompanhamento da equipe técnica da GT em todos os diagnósticos de ME nos hospitais que notificam os casos – a Gerência também realiza buscas diárias nas unidades, com equipe de plantão 24 horas. Uma vez constatado o caso, as equipes se deslocam até o hospital para acompanhar e validar os processos. “A Gerência de Transplantes exerce uma forma de fiscalização do diagnóstico de morte encefálica, para confirmar se todos os passos estão sendo seguidos conforme resolução do Conselho Federal de Medicina”, informa a coordenadora.
Morte encefálica confirmada
Após a confirmação da ME, equipe formada por médicos, enfermeiros e psicólogos se reúne com a família do potencial doador. “É quando a família é abordada quanto ao direito de doar”, diz a coordenadora. Se a doação é autorizada, a GT providencia a realização dos exames necessários aos protocolos. No Hemocentro, outra unidade da SES-GO na capital, é realizada a sorologia para avaliar o doador, descartando se ele tem alguma doença infecciosa. No Laboratório Hlagyn, em Aparecida de Goiânia, são feitos os exames específicos de histocompatibilidade – que verifica a equivalência entre células, tecidos e órgãos. Credenciado pelo Ministério da Saúde, o Hlagyn é o único em Goiás credenciado a realizar esse tipo de exame. Após essas análises, é feito um “ranqueamento” dos possíveis receptores e inicia-se o processo de logística para efetivar a doação. “Em todos esses momentos, contamos com a agilidade do transporte, para que todos os órgãos possam chegar em tempo hábil, diminuindo também o tempo de espera das famílias envolvidas”, acrescenta Katiúscia. Afinal, trata-se de uma corrida contra o tempo. No caso do rim, que pode ficar de 24 a 36 horas para ser transplantado, a logística permite o transporte em voo comercial, quando o receptor é de outro Estado. Como Goiás realiza transplantes de rins, fígado e córneas, a logística é um pouco mais tranquila, pois esse tipo de órgão fica por aqui – exceto se não houver receptor. E todas as cirurgias são realizadas em unidades na capital. Dessa forma, são os próprios veículos da GT que levam o órgão ao hospital transplantador. Processo mais delicado é exigido para coração e pulmão, pois o tempo entre retirada e transplante é de apenas quatro horas. Nesses casos, um decreto de 2016 garante aeronave da FAB para transportar equipes e órgãos. Katiúscia lembra que, em alguns casos, hospitais de São Paulo fretam voos para suas equipes. Nessas ocasiões, o transporte do hospital onde é captado o órgão até o aeroporto de Goiânia pode ser realizado utilizando helicóptero do Corpo de Bombeiros Militar. Números da GT da SES-GO mostram os bons resultados conquistados pela agilidade das equipes. De janeiro a agosto deste ano, a Gerência acompanhou 299 casos de ME, que resultaram em 52 doações. “Alguns casos são inelegíveis, ou seja, contraindicados, por uma série de fatores”, explica a coordenadora.
Plantão técnico
Para garantir toda essa logística, a Gerência de Transplantes conta com uma equipe 24 horas durante plantão técnico. O time é formado por 21 enfermeiros, 4 técnicos de enfermagem e 5 psicólogos, para acompanhamento e acolhimento da família no processo de notificação do óbito. A equipe conta ainda com 4 médicos que auxiliam nos diagnósticos de ME e 14 médicos captadores de rins, que atuam nos centros cirúrgicos dos hospitais onde estão os doadores. A GT mantém ainda um plantão de distribuição de órgãos e organização da logística também 24 horas por dia e uma equipe multiprofissional com 11 pessoas diretamente ligadas à distribuição acompanhando esse plantão. Fazem parte ainda da gerências, as coordenações de captação, distribuição de órgãos e subcoordenações, que acompanham o pré e pós-transplantes, bem como a realização dos processos estatísticos e as comissões inter-hospitalares de doação de órgãos.
Comunicação Setorial da Secretaria da Saúde de Goiás Mais informações: (62) 3201-3784 / 3201-3816 / 3201-3811