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15/10/2020 às 12h34min - Atualizada em 15/10/2020 às 13h29min

MP entra com recurso contra decisão que interrompeu investigação de desvio de dinheiro da Afipe

MP entra com recurso contra decisão que interrompeu investigação de desvio de dinheiro da Afipe O Ministério Público entrou com um recurso na quarta-feira (14) pedindo a anulação da decisão que interrompeu a investigação contra o padre Robson de Oliveira por desvio de dinheiro na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). Parte das doações teria sido usada para compra de fazendas e até casa na praia. O religioso sempre negou irregularidades. A investigação da Operação Vendilhões foi trancada no dia 6 de outubro. No entendimento dos desembargadores, não houve o crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, lavagem de capitais e apropriação indébita. A defesa do padre Robson informou que o assunto, exclusivamente de ordem judicial, "diz respeito apenas ao rito do Poder Judiciário e deve ser tratado dentro do processo". Além disso, disse que "questões tratadas fora do processo são subterfúgios para vazar elementos de investigação já trancada, portanto, em sigilo". No recurso, o Ministério Público alega que o órgão não foi ouvido, o que fere o Código de Processo Penal, além de desconsiderar novas provas produzidas ao longo da investigação. Por fim, os promotores afirmam que a decisão trancou também outra investigação, que apura corrupção policial. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou "que não irá se manifestar sobre as declarações do promotor de Justiça, tendo em vista que o fato é investigado pelo Ministério Público, como dito em entrevista coletiva. A Polícia Civil não comenta investigações de outros órgãos e reafirma que todas as denúncias de infrações penais e administrativas praticadas por policiais civis são rigorosamente apuradas pela Corregedoria da instituição". O pedido de embargos de declaração foi feito diretamente ao desembargador Nicomedes Borges, relator do habeas corpus que trancou a investigação. De acordo com o recurso, além de impedir o prosseguimento das investigações sobre o uso dos recursos da Afipe, o trancamento da ação também bloqueou outro procedimento que não tinha relação com o caso, que apura a suspeita de conduta criminosa por parte de integrantes da Polícia Civil em uma extorsão contra o padre Robson em 2017.
MP-GO deflagra operação que apura suspeita de irregularidades na Afipe — Foto: Gabriel Garcia/TV Anhanguera

MP-GO deflagra operação que apura suspeita de irregularidades na Afipe — Foto: Gabriel Garcia/TV Anhanguera

MP-GO deflagra operação que apura suspeita de irregularidades na Afipe — Foto: Gabriel Garcia/TV Anhanguera Nos embargos apresentado, é alegado que houve omissões e equívocos na decisão dos desembargadores. Uma delas seria o fato do Ministério Público não ter sido ouvido durante o julgamento do habeas corpus, o que resultou em prejuízo à investigação. Isso também impossibilitou que o Tribunal de Justiça tivesse conhecimento da investigação como um todo. Após o trancamento da ação, o MP divulgou documentos que, segundo os promotores de Justiça, reforçam que os próprios integrantes da Afipe apontaram irregularidades na associação. O MP tem ainda, como parte do conjunto de provas, um relatório feito por um ex-diretor da Afipe, no qual ele alega ter tentado relatar algumas irregularidades, mas que obteve a seguinte resposta: "Eu sei que está errado, mas o padre [Robson] manda fazer".

Operação Vendilhões

  O padre foi investigado no âmbito da Operação Vendilhões, deflagrada pelo MP no último dia 21 de agosto, para apurar denúncias de desvios de doações de fiéis à Afipe, as quais deveriam ser destinadas à construção do novo santuário e a ações de evangelização, mas estariam sendo usadas para comprar, entre outros bens, casas de luxo e fazendas milionárias. À época, Padre Robson se afastou do cargo temporariamente por causa da investigação. Ele também era o reitor da Basílica, posição da qual também foi retirado. A Afipe foi fundada em 2004 pelo padre Robson de Oliveira e é responsável pela administração do Santuário Basílica de Trindade, na Região Metropolitana. O objetivo é ajudar nos trabalhos de evangelização da igreja. Segundo o MP, a entidade movimentou mais de R$ 2 bilhões em nove anos, mas havia a suspeita de que R$ 120 milhões foram desviados. O padre Robson sempre negou irregularidades e se afastou do cargo para colaborar com as investigações. Parte do dinheiro deveria ser usado na construção da nova Basílica, que foi avaliada inicialmente em R$ 100 milhões, mas que, atualmente, tem previsão de custar R$ 1,4 bilhão. Veja outras notícias da região no G1 Goiás.

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