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26/05/2022 às 23h47min - Atualizada em 27/05/2022 às 00h00min

Chacina de Unaí: ex-prefeito Antério Mânica é ouvido em julgamento

Ele é acusado de ser um dos mandantes de quatro assassinatos registrados em 2004.

G1 Brasil
https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2022/05/26/chacina-de-unai-ex-prefeito-anterio-manica-e-ouvido-em-julgamento.ghtml

Ele é acusado de ser um dos mandantes de quatro assassinatos registrados em 2004. Antério Mânica saiu do prédio da Justiça Federal na noite desta terça-feira
TV Globo / Reprodução
O terceiro dia do julgamento do ex-prefeito de Unaí Antério Mânica, acusado de ser um dos mandantes da chacina de Unaí, foi suspenso na noite desta quinta-feira (26) em Belo Horizonte. Ele foi ouvido, mas se recusou a responder as perguntas da acusação.
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Todas as testemunhas já foram ouvidas. Nesta sexta-feira estão previstas as alegações finais da acusação e defesa. A previsão é que o julgamento seja retomado às 9h.
Protesto de auditores do trabalho em frente à Justiça Federal em Belo Horizonte
Ernane Fiuza/ TV Globo
Pelo terceiro dia consecutivo, auditores fiscais do trabalho realizaram um protesto contra a impunidade e em homenagem às vítimas, em frente ao prédio da Justiça Federal, na Região Centro-Sul da capital.
A chacina de Unaí ocorreu em janeiro de 2004, quando três fiscais do trabalho, que investigavam denúncias de trabalho escravo na região, e o motorista que os acompanhava foram assassinados em uma emboscada.
Entenda
Antério Mânica chegou a ser condenado a 100 anos de prisão, em novembro de 2015, pelo Tribunal do Júri da Justiça Federal de Minas Gerais. Ele foi considerado culpado do crime de quádruplo homicídio, triplamente qualificado por motivo torpe, mediante paga e sem possibilidade de defesa das vítimas.
No entanto, três anos depois, em novembro de 2018, ao analisar recurso interposto pela defesa do réu, a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região anulou a condenação e determinou a realização de novo julgamento. Por 2 votos a 1, os desembargadores acataram o argumento de que as provas do processo contra ele são "insuficientes".
Ex-prefeito é condenado a 100 anos por mando da Chacina de Unaí
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Provas
Para o Ministério Público Federal (MPF), há provas suficientes que demonstram o envolvimento de Antério Mânica na chacina.
Segundo o órgão, no dia anterior ao crime, um veículo Fiat Marea azul, igual ao da esposa do ex-prefeito, foi visto durante encontro entre os executores e os intermediários em um posto de abastecimento.
O MPF, inclusive, apresentou documentos do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran) que confirmavam que o único carro com essas características na cidade de Unaí pertencia à mulher.
Além disso, foram identificadas ligações realizadas da fazenda do réu para a cidade de Formosa (GO), onde morava um dos pistoleiros.
Protesto do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho em frente à Justiça Federal na terça-feira (24)
Ernane Fiuza/ TV Globo
De acordo com o MPF, outra prova importante é uma testemunha que disse ter visto, no dia anterior ao crime, uma reunião entre os envolvidos, incluindo Antério Mânica, na fazenda de Hugo Pimenta, acusado de ser intermediário na contratação dos pistoleiros.
O Ministério Público também apresentou como prova as investidas que o ex-prefeito já tinha feito contra as fiscalizações dos auditores na fazenda dele. Antério Mânica chegou a ligar para a delegacia do trabalho da cidade para reclamar que os fiscais estavam "incomodando" e ameaçando os interesse políticos dele na região.
Relembre
Em 28 de janeiro de 2004, os auditores fiscais do Ministério do Trabalho Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira foram assassinados em uma emboscada na região rural de Unaí.
O trio investigava denúncias de trabalho escravo na região. O episódio ficou conhecido como chacina de Unaí.
Os irmãos Antério e Norberto Mânica são acusados pelo Ministério Público Federal de serem os mandantes do crime. Norberto foi condenado a 100 anos de prisão em 2015, mas recorreu e está aguardando o julgamento em liberdade.
Os intermediários, segundo a acusação, eram os empresários Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro. Os dois confessaram o crime e foram condenados.
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Os matadores foram condenados em 2013. Eles já estavam presos preventivamente. Rogério Alan pegou 94 anos; Erinaldo Silva, 76; e William Gomes, 56.
Inicialmente, o processo tinha nove acusados, mas Francisco Elder Pinheiro, apontado como responsável por ter contratado os matadores, morreu. Humberto Ribeiro dos Santos, segundo a defesa, teve o crime prescrito e não foi a júri.
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