As críticas de Zé Neto à Anitta e aos artistas que utilizam recursos da Lei Rouanet desencadearam um movimento que tem crescido nas redes sociais: o apelo de internautas pela “CPI do sertanejo“.
Após a dupla de Cristiano afirmar não depender de dinheiro público para fazer shows, usuários da web decidiram vasculhar os eventos do segmento patrocinados com verbas de prefeituras, e as buscas já atingiram nomes de outros artistas do gênero.
O próprio show em Sorriso (MT), no qual Zé Neto atacou a política cultural, foi pago pela prefeitura da cidade, ou seja, com dinheiro público. De acordo com o Portal da Transparência da prefeitura de Sorriso, é possível verificar que houve uma inexigibilidade de licitação, o que significa que não houve concorrência para a contratação do serviço. Ainda de acordo com o documento, Zé Neto e Cristiano teriam recebido R$ 400 mil, o maior cachê entre todos os artistas que se apresentaram na Exporriso, evento gratuito para a população.
O Ministério Público de Roraima (MPRR) investiga a contratação do Gusttavo Lima pela prefeitura de São Luiz por R$ 800 mil. O órgão solicita, por meio da Promotoria de São Luiz, informações do município sobre como os recursos foram arrecadados e também se haverá retorno para os moradores.
A cidade tem cerca de 8 mil habitantes, logo, cada munícipe (entre crianças e adultos) pagou R$ 100 pelo show, que deve ocorrer na 24ª edição da vaquejada na cidade, em dezembro deste ano. Na sexta (27/5), outro show do Embaixador passou a ser investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A apuração preliminar trata da contratação de um show de Gusttavo Lima no valor de R$ 1,2 milhão pela prefeitura da cidade de Conceição do Mato Dentro (MG).
De acordo com o jornalista Fefito, do Uol, Zé Neto estaria sendo hostilizado por outros artistas sertanejos. Os colegas temem que a fala dele resulte em uma “caça às bruxas”. Ainda segundo o colunista, o cantor está sendo duramente criticado em um grupo de WhatsApp com empresários e artistas do meio. Após a pressão, Zé Neto postou uma série de vídeos se desculpando com a Anitta e com quem tenha se sentido ofendido por suas declarações, mas a hashtag #CPIdosertanejo segue entre os assuntos mais comentados e não para de repercutir. O único a se manifestar publicamente foi o cantor Sérgio Reis.
O veterano declarou à Folha que a verba das prefeituras “é dinheiro para o público, não é dinheiro público”. Ele também defendeu que os shows nas cidades ajudam a economia local. “O prefeito tem que levar alegria para o povo. O que é que há? O prefeito ajuda o comércio local. Uma festa gira dinheiro para o pipoqueiro, o pobre que vende algodão doce, a dona de casa que faz doce e vende na banquinha na festa”, justificou.