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13/07/2022 às 11h48min - Atualizada em 13/07/2022 às 11h48min

Roqueiros goianos apostam na força do público para retomada pós-pandemia

Calendário ajuda setor a se recuperar

A Redação

Quem é que não sentiu saudades de uma música ao vivo e contato direto com outras pessoas? A pandemia da covid-19 suspendeu, por pelo menos dois anos, esse tipo de evento. Agora, o avanço da vacinação, e sua comprovada eficácia, tem devolvido ao mundo a possibilidade de retomar o calendário cultural.

Os músicos agradecem. E no Dia Mundial do Rock, celebrado nesta quarta-feira (13/7), o jornal 
A Redação mostra como os roqueiros goianos se organizam para ocupar espaços, atrair o público e, finalmente, colocar o som para tocar ao vivo.


“A pandemia foi difícil para todo mundo e, como é de se esperar, também para os envolvidos com o segmento cultural, que foi um dos primeiros a parar”, conta Diogo Fleury, frontman da banda Hellbenders. “Tínhamos algumas músicas gravadas logo antes da pandemia e que soltamos, mas foi muito difícil manter a banda tocando ao longo desse tempo.”
 
Segundo Diogo, a pandemia impossibilitou qualquer chance da banda em obter receita, já que as principais fontes de renda são os cachês e a venda de mercadorias, como discos e camisetas. “Isso é tudo impactado quando você não está rodando e tendo contato direto com seu público”, explica.
 
O caminho, segundo ele, foi tentar estabelecer uma presença on-line, “mas que também é muito difícil dedicar todo esse tempo e recurso sem ter nenhum retorno financeiro”, diz. “Muitas bandas se adaptaram e se saíram bem no formato virtual, mas é um processo difícil. Tivemos que dar um tempo para reordenar a casa”, completa.

Hellbenders (Foto: Victor Souza)

Algumas bandas goianas lançaram material na pandemia, como é o caso da Carne Doce e o álbum Interior, em 2020. As próprias circunstâncias levaram o power couple do grupo, a vocalista Salma e o guitarrista Macloys, a lançarem o acústico e minimalista Salma e Mac. Foram sete canções no ano passado e agora se preparam para lançar o álbum no dia 12 de agosto.
 
“Esse projeto acústico é um resultado da pandemia. A banda foi muito penalizada na questão logística, mesmo depois da retomada. É complicado para artistas que precisam viajar em grupo”, explica Mac. A solução foi o projeto em dupla. “Muitos outros artistas nacionais também pensaram nesse formato mínimo como forma de viabilizar alguma agenda”, completa.
 
Sobre Interior, Mac conta que foi muito estranho não ter tido a oportunidade de fazer shows, com o lançamento em meio aos fechamentos e decretos. “Não tivemos como trabalhar o disco. Durante anos, a turnê marcava o fechamento do processo após produzir e gravar o disco. Dessa vez, esse ciclo não se completou. Muita coisa que foi produzida na pandemia ficou em suspenso”, conta.
 
Mesmo com a volta dos eventos, a Carne Doce e tantas outras bandas esbarram em outro problema: a inflação. “É muito caro tirar todo mundo de casa. As passagens ficaram absurdas. Isso gera um certo estrangulamento para os pequenos artistas”, explica. Mesmo no aperto, o cenário dá bons sinais, avalia Mac: “A Carne Doce está com alguns shows marcados. Agora estamos tentando colocar as coisas no eixo e esperamos que, a partir do segundo semestre, as coisas fiquem mais quentes”.
 
Para a Hellbenders, o cenário também começa a ficar mais otimista. “Não apenas com a vacinação e a volta do calendário, mas com a derrubada dos vetos do Bolsonaro e a promulgação da nova Lei Aldir Blanc e da Lei Paulo Gustavo, a tendência é uma revalorização da cultura. Claro que não vai ser de uma hora pra outra, mas é um passo a ser dado”, avalia Diogo.
 
Apesar das dificuldades, o frontman da banda Hellbenders ressalta que está muito feliz de poder voltar a se apresentar. “A banda faz parte de mim e de cada um de nós. É um prazer incrível ter o privilégio de tocar com os meus melhores amigos e poder reencontrá-los”, finaliza Diogo.


Macloys e Salma no projeto acústico: Salma e Mac (Foto: Victor Quixabeira e Souza)
 
A retomada do calendário de festivais ajudou a dar um respiro ao caixa das bandas. Apenas em Goiânia, todos os principais eventos do tipo – Vaca Amarela, Bananada e Goiânia Noise – retornaram ao formato presencial com um line-up cheio.
 
Leonardo Razuk, da produtora Monstro Discos, responsável pelo Noise, relata que o público está sedento por eventos após os anos de quarentena. Na agenda, há shows de Scalene e Supercombo marcados para o Centro Cultural Martim Cererê no dia 31 de julho.
 
Este ano, em maio, o Noise foi realizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON). “Foi um investimento maior, mas, em compensação, a resposta do público foi excelente e muito forte”, diz Razuk.

“O público ainda está muito sedento por shows. As pessoas cobram da gente mais shows. Fizemos em junho uma festa junina, algo que nunca fizemos antes e a resposta foi bem acima do que esperávamos. Aguardamos um público de 600 pessoas e tivemos o dobro disso. As pessoas queriam mesmo. Há um sentimento muito forte represado e o público quer extravasar”, relata.
 
“Para o segundo semestre, devemos retomar o Cidade Rock com shows mensais de bandas aqui de Goiânia. Também aprovamos um projeto de ocupação do Martim Cererê que chama Viva Cererê, que vai além da música e envolve também teatro e outras áreas culturais”, planeja.

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