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13/10/2022 às 23h22min - Atualizada em 14/10/2022 às 00h00min

Moradores de área onde ponte desabou no AM terão que ser desapropriados, diz Dnit

Uma casa e um comércio serão desapropriados para execução de acessos e desvio para "passagem seca" no trecho sobre o Rio Autaz Mirim, na BR-319, que teve duas pontes danificadas em um intervalo de 10 dias.

G1 Brasil
https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/10/13/moradores-de-area-onde-ponte-desabou-no-am-terao-que-ser-desapropriados-diz-dnit.ghtml

Uma casa e um comércio serão desapropriados para execução de acessos e desvio para "passagem seca" no trecho sobre o Rio Autaz Mirim, na BR-319, que teve duas pontes danificadas em um intervalo de 10 dias. Começam obras no Rio Autaz Mirim após queda de ponte na BR-319, no AM
Uma casa e um comércio serão desapropriados no trecho do Rio Autaz Mirim, na BR-319, no Amazonas, que teve duas pontes danificadas em um intervalo de 10 dias. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), as famílias que moram no local terão que ser realocadas para a execução dos acessos e do desvio para uma "passagem seca" na região.
Nesta quinta-feira (13), uma equipe da Prefeitura do município de Careiro da Várzea comunicou quais imóveis devem ser desapropriados.
O trecho do Rio Autaz Mirim, na BR-319 começou a ser aterrado para a retomada da trafegabilidade na rodovia que liga o estado ao restante do país.
A casa de Francinaldo Oliveira da Silva, e o pequeno comércio da mãe dele, Maria Edith Oliveira da Silva terão que ser retirados em um prazo de três dias. Ela é moradora do local há 40 anos e tem o comércio há cinco anos.
"Aqui, 50 metros são do Dnit. Nós fizemos nossa casa aqui porque meu amigo arranjou esse pedacinho aqui para fazermos. Foi um choque. Eu não esperava. Falaram para mim que não vai ter indenização. Se essa ponte não cai, eu ia ficar aqui pelo resto da vida", lamentou Maria Edith.
Por meio de nota, o Dnit informou que a desapropriação da casa e comércio vai acontecer para a execução dos acessos e do desvio para uma "passagem seca" na região.
"O Dnit frisa que a interlocução com os moradores está sendo realizada por meio da Secretaria de Assistência Social do município do Careiro da Várzea - que está dando todo o apoio necessário. A Autarquia destaca que as casas serão desmontadas e a Prefeitura - em conjunto com os residentes - está definindo outra área nas proximidades para montar as moradias", disse o órgão.
Emergência
O Departamento anunciou também, que publicou na edição do Diário Oficial da União (DOU) de terça-feira (11), as portarias que decretam situação de emergência de ambas as pontes. A partir da decretação de emergência, o Dnit tem autorização para realizar a contratação dos serviços para a reconstrução das travessias.
O anteprojeto de engenharia encontra-se em fase avançada de conclusão.
Ponte de ferro descartada
Ponte Autaz Mirim da BR-319 desaba no Amazonas
Associação de Amigos e Defensores da BR-319/ Divulgação
No local onde a primeira ponte da rodovia desabou, o Dnit descartou o plano inicial de instalar uma ponte metálica provisória sobre o Rio Curuçá.
Na quinta-feira (6), dois dias antes da segunda ponte desabar, o Dnit havia confirmado, por meio de nota ao g1, que estava "trabalhando na conclusão dos acessos nas margens do rio Curuçá para receber a estrutura da ponte. Logo após, será iniciada a montagem da estrutura metálica em parceria com o Exército Brasileiro."
Passadas duas semanas, o trecho do Rio Curuçá segue bloqueado para o tráfego de veículos e pessoas. O problema na rodovia federal ser agravou com a queda da segunda ponte.
Agora, segundo o governo do Amazonas, o trecho deve receber balsas para a travessia dos veículos.
"As balsas vão chegar pelo Careiro da Várzea. Serão embarcadas em veículos. De lá, elas serão transportadas até a ponte do Curuçá. Elas vão ser colocadas no rio para permitir a passagem dos veículos", disse Wilson Lima, após a reunião com o ministro dos transportes, na segunda-feira (11).
Caminhoneiros enfrentam rotas alternativas
Ponte sobre Rio Curuçá desabou em trecho da BR-319, no Amazonas
Ruthiene Bindá/Rede Amazônica
O desabamento das duas pontes tem forçado caminhoneiros a buscarem rotas fluviais mais caras e distantes para escoar mercadorias.
Antes da queda das duas estruturas, os motoristas que saíam de Manaus precisavam viajar em uma balsa que sai de um porto da Ceasa, na capital amazonense, com destino a um distrito localizado no município de Careiro da Várzea, a 28 km de Manaus. A viagem dura cerca de 40 minutos.
Agora, caminhoneiros estão passando por cidades como Manaquiri e Autazes, em viagens que chegam a durar 8 horas. Nesses locais, é possível se reconectar à BR-319 após o trecho atingido pelas pontes em ruínas.
Além do maior tempo de viagem, os caminhoneiros também sentem no bolso o desafio de enfrentar as rotas alternativas.
"Donos de balsas estão cobrando R$ 2,5 mil para atravessar um ônibus. Os caminhoneiros estão pagando R$5.000 por carreta para atravessar", diz o motorista Carlos Colares, que usou uma balsa para enviar o veículo para Manaquiri.
A severa descida dos rios amazônicos também pode se tornar um desafio a ser enfrentado por quem trafega pelas rotas alternativas. Isso porque a baixa do nível da água do Rio Solimões, por exemplo, dificulta a viagem de balsas para Manaquiri.
Desabastecimento em três municípios
O governador Wilson Lima (União Brasil) decretou na segunda-feira (10) situação de emergência nos três municípios diretamente atingidos pela queda das pontes: Careiro da Várzea, Autazes e Careiro.
De acordo com o governo estadual, há desabastecimento de alimentos, remédios e combustíveis. Também há risco das cidades ficarem sem energia elétrica. Cerca de 100 mil pessoas estão sendo afetadas após os acidentes.
"Temos ali a questão do escoamento da produção, desabastecimento de alimento, de remédio, de combustíveis. É importante a questão do combustível, porque esse combustível é que faz funcionar as térmicas. Então, há um risco de que em algum momento isso aconteça, e a gente espera que isso não aconteça, de que alguns desses municípios possam ficar sem energia elétrica", afirmou Wilson Lima.
Histórico e problemas
Caminhoneiros estão há mais de um dia atolados na BR-319.
Divulgação
Criada durante a Ditadura Militar, a BR-319 surgiu com a proposta de integrar o Amazonas ao restante do país, mas sofre há décadas com falta de estrutura para tráfego. Durante a campanha eleitoral de 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu asfaltá-la.
Passado mais de três anos e meio desde que Bolsonaro assumiu o cargo, a promessa de asfaltamento da BR-319 ainda não saiu do papel.
Questionado logo após a queda da ponte sobre o Rio Curuçá, o Ministério da Infraestrutura disse ao g1 que a declaração feita em 2019 por Bolsonaro "refere-se ao asfaltamento do lote C da BR-319/AM, que fica a aproximadamente 200 quilômetros do local do incidente [ponte sobre o Rio Curuçá]", embora o presidente e a pasta não tenham deixado isso claro à época.
"O trecho de 405 quilômetros conhecido como "trecho do meião" recebeu em 28 de julho a licença prévia ambiental para as obras de reconstrução e pavimentação. Emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o documento aprova os estudos e viabilidade ambiental das obras. O próximo passo é a licença de instalação, que permitirá a contratação da obra, de acordo com as especificações constantes nos planos, programas e projetos aprovados pelo Ibama", diz o restante da nota.
Inaugurada em 1976, a BR-319 é conhecida pelos diferentes problemas enfrentados ao longo dos anos. Trafegar pela estrada que liga a capital do Amazonas às outras regiões do Brasil é sempre um desafio para os motoristas.
Grande parte da rodovia segue imprópria para o trânsito de veículos em meio a impasses ambientais e burocráticos. São cerca de 800 quilômetros que separam Manaus de Porto Velho (RO), uma distância que poderia ser percorrida em 12 horas de carro. A recuperação da área está estimada em R$ 1,4 bilhão.
A rodovia possui diversos trechos danificados e não tem pavimentação em quase toda a sua extensão, o que provoca atoleiros "gigantes" no período chuvoso. Já no período de estiagem, os motoristas reclamam de outros problemas: buracos e poeira. Em alguns casos, crateras se abrem em trechos.
Na parte de Manaus, a rodovia já é um desafio logo no início, já que ela começa dentro do Rio Amazonas, numa área próximo ao bairro Distrito Industrial e ao famoso Encontro das Águas dos rios Negro e Solimões.
Para partir do Amazonas em direção a Rondônia pela BR-319, pedestres e moradores se deslocam até um porto chamado "Ceasa". Desse porto, pedestres entram em embarcações - barcos, lanchas e balsas - e motoristas, incluindo caminhoneiros, embarcam em balsas. É que todos os usuários da estrada precisam atravessar o rio para chegar à faixa de terra do outro lado, onde fica a área da ponte sobre o Rio Curuçá, a primeira que caiu. O trajeto dura, em média, 45 minutos.
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Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/10/13/moradores-de-area-onde-ponte-desabou-no-am-terao-que-ser-desapropriados-diz-dnit.ghtml

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