Entrar para uma boa faculdade de Medicina é uma meta que exige muita dedicação para ser alcançada, ainda mais se o candidato à vaga fez todo o ensino fundamental e médio na escola pública. Mas após a aprovação em cinco universidades, incluindo as mais conceituadas do País, a goiana Gabriela de Lima e Silva, de 19 anos, tem propriedade para dizer: "É difícil, mas não é impossível".
A jovem de Jaraguá, cidade a 143 quilômetros de Goiânia, passou em três vestibulares para Medicina: Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), responsável pelo processo seletivo da Universidade de São Paulo (USP); Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com 760 pontos alcançados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), também conseguiu nota para ingressar na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), primeira e segunda opções apontadas por ela na inscrição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
Como a seleção via Sisu ocorreu primeiro, Gabriela chegou a fazer matrícula na UFU, pois a cidade de Uberlândia fica mais de perto de Jaraguá do que a capital mineira, Belo Horizonte, onde está o curso da UFMG. Mas logo depois veio a aprovação na Universidade de São Paulo.
“Era o meu maior sonho. Minhas matérias preferidas no ensino médio sempre foram biologia e química, mas decidi pelo curso depois que vi uma reportagem na televisão sobre os 100 anos da Faculdade de Medicina da USP", conta.
Na sexta-feira, quando a estudante já havia se matriculado na USP, a Unicamp divulgou a lista de aprovados e lá estava o nome de Gabriela novamente. A jovem confessa que ficou balançada, mas se manteve firme no propósito inicial e, acompanhada do pai, buscava um lugar para morar em Ribeirão Preto (SP).
As disputas foram duras, tendo o vestibular da Unesp como o mais concorrido, com 243 candidatos por vaga. A concorrência da Unicamp e da USP foram 220.1 e 71.93 candidatos por vaga, respectivamente. Na UFU, a jovem ficou em quinto lugar. Todas as aprovações ocorreram por meio do sistema de cotas para escola pública.
Até chegar a esse resultado, a estudante passou por muita luta e algumas frustrações. Gabriela terminou o ensino médio em 2013. Prestou vestibular na Universidade Federal de Goiás (UFG) e não conseguiu aprovação. Os 680 pontos obtidos no primeiro Enem não eram suficientes para o curso pretendido e ela confessa que pensou em desistir.
“Estudei muito no ensino médio e não consegui passar. Pensei que talvez Medicina não fosse para mim, afinal, minha família não tinha condições de pagar um curso preparatório", relata.
Nas horas de angústia, o apoio da mãe, Vanderlene Pereira de Lima, foi fundamental. “Ela foi a grande responsável porque ela sonhou comigo, me ajudou a continuar lutando e, mesmo com as dificuldades, dizia que se esse era o meu sonho eu não devia desistir. Ela sempre acreditou que era possível", reconhece a filha.
Ajuda
Depois de seis meses estudando sozinha, um ex-professor de biologia da jovem, Henrique Braga, a ajudou a conseguir uma bolsa integral no Núcleo Centro de Ensino, um cursinho particular de Anápolis. No segundo semestre de 2014, a jovem se mudou para a casa de primos e agarrou a oportunidade. Durante um ano e meio, viveu praticamente para estudar.
"Foi um período difícil. Estudava de manhã, de tarde e de noite. Tinha aulas de segunda a sábado, e quinzenalmente aos domingos. Nos raros períodos vagos, fazia listas de exercícios, provas de vestibulares anteriores e praticava redação", relata.
Gabriela diz que “não é muito de festa" e as raras confraternizações que participou no último ano foi com os colegas do cursinho. Nada de namoro. A jovem garante nunca ter tido um namorado, não apenas pela dedicação aos estudos, ma porque “ainda não apareceu a pessoa certa".
Ela afirma que sempre foi uma aluna dedicada e focada, mas ressalta: “Cheguei aqui com muita ajuda. Teve o meu esforço, mas sem as pessoas que me ajudaram eu não sei se conseguiria."
Fonte: O Popular / Gabriela Lima