Uma sequência de crimes violentos ocorridos nos últimos dias têm levado algumas garotas de programa de Anápolis a cogitarem greve.
São ameaças, calotes, furtos e roubos de pertences, além de agressões físicas e verbais. Cenário que acende alerta sobre a vulnerabilidade das mulheres que trabalham como acompanhantes na cidade.
Na última semana, uma das profissionais viveu momentos de terror. Após se negar ter relações sem proteção, ficou presa na residência de um cliente e só foi libertada depois de devolver o dinheiro que ele havia pago.
O homem também quebrou o celular da vítima, que fez um boletim de ocorrência. Porém, como ela não tinha o nome nem qualquer outra informação do autor, além do WhatsApp que ele marcou o programa, o caso não foi para frente.
Já na madrugada desta sexta-feira (16), um cliente se recusou a pagar por um encontro e roubou o aparelho celular e dinheiro de uma garota de programa. A mulher ainda teve fotos sensuais expostas nas redes sociais.
Por enquadrar-se em diversas tipificações, não existe um balanço exato do número de garotas de programa de Anápolis que denunciaram o caso às autoridades.
Profissionais ouvidas pelo Portal 6 contam que muitas delas optam pelo silêncio, por todo o estigma que a atividade sexual carrega na sociedade.
A greve cogitada pelas acompanhantes seria uma forma de protestar contra as práticas violentas sofridas “e chamar atenção de quem costuma buscar os serviços”, disseram na condição de anonimato.
Polícia investiga
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) vem acompanhando de perto a situação e inclusive realizou recentemente a prisão em flagrante, por tentativa de feminicídio, de um suspeito.
“Todas as mulheres vítimas de violência, independente de ser garota de programa ou não, podem nos procurar”, orienta a delegada Isabella Joy.
“Vai ser feito todo o atendimento, solicitado medidas protetivas, e tudo que for necessário”, complementa a titular da DEAM.
Em entrevista ao Portal 6, Isabella Joy destacou ainda que a delegacia também realiza encaminhamentos das vítimas para atendimento psicológico e casas de acolhimento caso haja necessidade.
“Muitas mulheres acham que não têm direitos por estarem como garotas de programa, mas isso não é verdade. Ser garota de programa não as desqualificam como mulher”.