03/07/2023 às 09h12min - Atualizada em 03/07/2023 às 09h12min

No Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, gari reforça importância do debate e de iniciativas na construção de uma sociedade mais igualitária

Maicon Barbosa Neres, o MaLik Lion, atua na higienização das fontes d’água da capital. Nas horas vagas, realiza outro tipo de limpeza: a de mentes. Ministra palestras em escolas sobre temas como paternidade negra, inclusão social e racial

Pensar, discutir e agir. Esses são os três passos defendidos pelo ativista Maicon Barbosa Neres, de 33 anos, como fundamentais para a construção de uma sociedade livre do racismo. Neste Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial (03/07), o gari da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) convida a todos para a luta.

Sob o codinome MaLik Lion, ele usa o rap “para mandar um papo bem reto contra o racismo e os racistas. Minhas rimas visam à emancipação popular. O povo precisa saber pelo que estamos lutando e como se aliar à luta”, destaca o artista. 

“Se você observar uma pessoa sendo racista, chega nela e fala, sem meias palavras. Não ignore pelo simples fato de você ser branco, e o ataque não ser direcionado a você. Precisamos exercitar a empatia, o senso do coletivo. Somos todos humanos, dividindo o mesmo espaço, ao mesmo tempo. A dor do outro também importa”, destaca Maicon Barbosa Neres.

Maicon trabalha na Comurg há 12 anos, e atualmente atua na higienização das fontes d’água da capital. Nas horas vagas, ele realiza outro tipo de limpeza: a de mentes. Além das rimas, ministra palestras em escolas sobre temas como paternidade negra e inclusão social e racial.

Apelidado de “Leão da Noroeste”, ele defende que as palavras precisam ser ditas para serem escutadas, e que o silêncio não é uma opção. “Para as pessoas que sofreram ou sofrem racismo, eu aconselho que denunciem. Porque essas ocorrências vão gerar dados, e esses dados ajudam a fortalecer as políticas públicas contra o racismo”, pontua.

Estudante de Ciências Sociais e Políticas Públicas, pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Maicon é pai de Robert Karin, de oito anos, e Wirá Oluara, de um ano. Ele frisa que a luta antirracista também é pelos filhos. “Quero ajudar a construir um mundo melhor para eles e para todo o povo preto e indígena. A gente pode evoluir como sociedade”, reflete.

Em uma de suas letras mais emblemáticas, ele diz: “Minha força é divina e alimenta isso aqui/ Ras é o gari, vai limpar construir/ Levando a maldade para longe daqui, plantando o amor dentro de ti”.


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