05/07/2023 às 15h52min - Atualizada em 05/07/2023 às 15h52min
“O salário do cidadão não vai acompanhar tributação”, destaca Caiado
Com agenda em Brasília para debater texto da Reforma Tributária que tramita no Congresso, governador de Goiás avalia, em entrevista à GloboNews, que modelo apresentado não simplifica o sistema e vai sobrecarregar contribuinte
A necessidade de priorizar o cidadão, que consome e terá sua vida financeira impactada com a proposta da Reforma Tributária, é o centro do debate levantado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Em entrevista para a GloboNews, na noite desta terça-feira (04/07), em Brasília, o chefe do Executivo goiano expressou preocupação com a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), previsto no texto que tramita na Câmara dos Deputados, sobrecarregando itens básicos como a cesta básica. “O salário do cidadão não vai acompanhar o reajuste”, avaliou.
Contrário ao conteúdo da reforma, o governador avalia que o modelo tributário é complexo e começa da forma errada. “Não vai simplificar”, acrescentou Caiado ao alertar sobre a transição, um processo que deve se prolongar por cerca de 10 anos e que deveria ser testado com as receitas da União. O gestor goiano concentra agenda em Brasília nesta semana para acompanhar a votação da matéria no parlamento e dialogar com deputados sobre os riscos de se manter o projeto como está.
“Se já é um emaranhado a legislação hoje, você vai misturar outros”, afirmou com base na ideia de criação da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), parcela da União, e do Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), proposto para unir ICMS e ISS, cobrados pelos estados e municípios, respectivamente. “Vai tirar a decisão dos gestores eleitos sobre incentivos e acarretar perda de investimento”, alertou. A Secretaria de Economia de Goiás estima a saída de, pelo menos, 700 grandes empresas do estado com a aprovação da Reforma.
Centralização Dentro da nova tributação, a proposta é que a arrecadação advinda do IBS seja gerida pelo Conselho Federativo, composto por representantes de estados e municípios com um presidente indicado. “É algo que realmente espanta todos nós”, declarou Caiado. “Estou discutindo algo que acho extremamente grave, que é a perda da independência e autonomia dos entes federados. Isto para mim é intocável”, frisou, ao citar que a medida fere a cláusula pétrea do pacto federativo, atribuindo a um conselho poder financeiro superior ao dos gestores eleitos pela população.
Para o governador é importante também não perder de vista os resultados negativos em outros países que adotaram o mesmo modelo. “É um erro que aconteceu com o México. Em 1981, implantaram o IVA”, exemplificou. “Na projeção que foi feita o México cresceria em torno de 3% ao ano. Está crescendo menos que 1%”, lembrou.
Em Goiás o prejuízo já é previsto. O próprio vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, admitiu que a receita do Estado, que está em pleno crescimento, vai cair. Caiado foi incisivo na defesa da economia goiana. “O Brasil cresce 2,9% e Goiás cresce 6,6%. Vão frear nosso desenvolvimento”, destacou.
O governador reforçou que a discussão da reforma é importante, o problema é o conteúdo: “Ninguém é contra o conceito de reforma, o que está proposto é que é uma intransigência. Não é por aí que vão conseguir mudar o Brasil para melhor. Aliás, se o foco é esse, deveríamos priorizar o debate sobre educação”.