Aproximadamente 70% do Morro da Serrinha foi destruído, ontem, por um incêndio de grandes proporções. O fogo chegou a destruir um telhado de lona pertencente a uma ocupação irregular localizada no pé do morro. Ninguém ficou ferido.
O Corpo de Bombeiros foi acionado rapidamente, deslocando cinco viaturas, sendo dois caminhões, duas caminhonetes, e um autotanque para o reabastecimento da água dos veículos que estavam participando do combate. Segundo o tenente Bruno Milioli, ao todo foram utilizados cerca de 15 mil litros de água, levando mais de duas horas para realizar a contenção dos focos.
De acordo com o oficial, ainda não foi possível definir as causas do incêndio. Ele afirma que o fogo se alastrou rapidamente devido às condições climáticas. “O clima está muito seco, e o mato alto na região, também”, argumenta.
Bruno acrescenta que o incêndio provavelmente foi iniciado por mãos humanas, seja de forma intencional ou não, como, por exemplo, para fazer uma queima de resíduos. “É importante não queimar lixo, mesmo que a pessoa ache que esteja distante do local, porque a ação do vento e a secura do local são fatores chave para que essa faísca se espalhe rápido”, adverte.
Roçagem
Da estrutura destruída, sobraram apenas grandes vigas de madeira chamuscadas. O local servia como área de comunhão para os membros do Instituto Grupo de Resgate de Almas para Cristo (Igrac), um dos grupos religiosos que ocupam o Morro da Serrinha atualmente. “Nós entramos com um ofício no final de junho para fazer uma roçagem no Morro. Só que até agora ninguém fez nada sobre o assunto. Já cobramos da Prefeitura, mas eles não mostram nenhum interesse”, diz o apóstolo Jobsom José Bispo.
Procurada, a Prefeitura diz que não interviu por se tratar de uma área de preservação permanente de domínio do Estado.
A Justiça já determinou a desocupação do Morro e deu o prazo de até o fim de setembro para a retiradas das pessoas que frequentam o local. A área deverá passar para a prefeitura para a criação de um parque.
O juiz Eduardo Tavares, representante da Comissão de Soluções Fundiárias do Tribunal de Justiça de Goiás (CSF-TJ), grupo responsável por mediar a desocupação do local, afirma que o cadastramento da população que vive no Morro está em andamento. “Há visitas agendadas para esta e a outra semana. Os benefícios que eles podem receber, em tese, são os que estão previstos nos diversos programas sociais do governo”, diz.
Cuidado
Josefa de Sousa Melo da Silva, de 57 anos, mora há mais de um ano no morro. Ela cozinha e auxilia na limpeza das imediações do Igrac. “A nossa ação consiste em cuidar, em amparar, em curar”, diz. Quando o incêndio começou a se alastrar, ela correu para retirar colchões e sofás. Um cadeirante precisou ser retirado às pressas e outros moradores auxiliaram no combate ao fogo por meio do uso de mangueira. “Nós precisamos ter pessoas para intercederem por nossa causa. Uma casa para morar, um trabalho estável”, diz.