“Não houve politização”, disse Silveira ao participar da reunião conjunta das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Minas e Energia, da Câmara dos Deputados. “Só acionamos o Ministério da Justiça e Segurança Pública; a Polícia Federal; a Abin [Agência Brasileira de Inteligência] e o GSI [Gabinete de Segurança Institucional] porque recebemos do ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] a notícia de que, até àquele momento, não havia nada objetivo que indicasse um motivo técnico que explicasse um evento daquela gravidade”, disse o ministro.
“Como ministro de Estado, sabendo da importância do setor elétrico, e o que representa um processo de interrupção do fornecimento de energia, eu tinha a obrigação [de tomar medidas para esclarecer a hipótese de que o apagão fosse resultado de uma ação intencional]. Até porque, havia uma série de circunstâncias que me levavam a tomar esta medida mais drástica, pois eu sabia que um evento único não seria capaz de causar aquele transtorno”, justificou Silveira, refutando o uso do termo apagão.
“É só uma nomenclatura, mas prefiro me dirigir ao ocorrido como um evento, e não como um apagão, que passa à população a impressão de que temos qualquer risco de suprimento energético no país”, disse o ministro, garantindo que o sistema é seguro.
Durante a mesma audiência, o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, revelou que os especialistas do setor elétrico já identificaram ao menos duas causas que contribuíram para gerar o problema.
Além do desligamento da linha de transmissão 500kV Quixadá-Fortaleza, atribuída a uma "atuação indevida do sistema de proteção", que ainda está sendo analisada, os técnicos identificaram falhas em equipamentos, entre eles, o regulador de tensão de uma usina, que demorou milissegundos além do previsto para entrar em operação após a falha na linha de transmissão. A demora inesperada sobrecarregou o sistema, gerando um efeito em cascata, disse o diretor da ONS.
Ainda segundo Ciocchi, mesmo após o restabelecimento integral do fornecimento, o ONS decidiu determinar, por precaução, que o volume de energia elétrica disponível na rede que interliga as diferentes regiões do país fosse reduzido.
“Tínhamos que cortar a energia trafegando na rede”, revelou Ciocchi. “Quando temos um evento de grandes proporções cujas causas ainda não estão completamente identificadas, o ONS tem a prerrogativa de assumir uma operação mais conservadora. O que [neste caso] consistiu na redução do fluxo de energia nas linhas de transmissão que conectam a Região Nordeste à Região Sudeste; o Norte com o Sudeste, e o Norte com o Nordeste”, explicou o diretor-geral do ONS, acrescentando que, por razões operacionais, optou-se pelo “corte” de parte da produção eólica e solar.