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05/06/2016 às 18h39min - Atualizada em 06/06/2016 às 09h53min

Goiana fabrica berrantes e deseja abrir escola para que tradição não acabe

Artesã se inspira no avô para produzir instrumento: 'Faço por amor'. Ela diz que é a única no país que participa de todo o processo de fabricação.

Conhecida como "Sol do Berrante", a goiana Solange Macedo, de 44 anos, fabrica berrantes há mais de 20 anos na fazenda onde mora em Anápolis, a 55 km de Goiânia. Especialista na produção do instrumento, ela conta que muitas pessoas a procuram querendo aprender a prática e pensa em criar uma escola para que a tradição não acabe.

“Muita gente já veio me procurar para querer aprender. Eu gostaria de montar uma escola, acho que seria uma boa alternativa principalmente para adolescentes se envolverem com uma atividade e não com drogas, por exemplo. Gostaria que essa tradição do campo não morresse, que ela continuasse”, contou ao G1.

Solange afirma que o som do instrumento chama a atenção e desperta o interesse das pessoas. Ela recorda de quando se apaixonou pelo instrumento. “Meu avô fazia carros de boi e vivíamos na fazenda, ele fazia berrantes também na época usando pedaços de vidro para polir o chifre, era tudo muito grosseiro ainda, mas eu admirava muito e achava muito bonito o som desde pequena”, se recorda.

A fabricante conta que, apesar de sempre ter contato com o instrumento, só começou a fabricá-lo quando já tinha 19 anos, depois da morte do avô. Entre as pessoas que conhece e que fazem berrantes, ela é a única mulher que participa de todo o processo de fabricação no Brasil.

“Eu comecei por curiosidade, eu gostava de tocar e já havia visto meu avô fazer antes então fui tentando aprender sozinha. No começo foi muito complicado, tinha muita dificuldade para fazer, cortar no tamanho adequado, encaixar um no outro, lixar. Até que fui testando coisas novas e peguei prática”, relatou.

A paixão pelo instrumento, segundo Solange, é o que a motiva a continuar se aperfeiçoando. “Quando eu faço o berrante eu sinto amor, faço com muito carinho. Se eu vejo alguém tocando um instrumento que eu fiz, fico muito lisonjeada, é muito gratificante”, relatou.

Prática A artesã comentou que não conhece outra mulher que faça todo o processo de produção do berrante. A primeira etapa é ir até um frigorífico da região para conseguir os chifres de boi. Ao voltar para casa, ela ferve o material para higienizá-lo.

A próxima etapa é usar uma máquina para partir o chifre nos locais corretos. Para fazer com que o chifre fique oco e emita o som característico do berrante, ela usa uma broca específica para o procedimento. Para polir a parte de fora, Solange usa uma lixa, às vezes manual, às vezes motorizada para que o berrante fique com o brilho e a cor característicos.

Em seguida, ela monta o instrumento. “Para cada berrante é preciso cerca de cinco chifres e eles precisam se encaixar perfeitamente. Temos que testar um por um até encontrar os que fazem a boca, os que fazem a curva, e vamos montando, como um quebra cabeça”, explicou.

Solange contou que é preciso um dia inteiro para deixá-lo completamente pronto. Depois de colocar as partes em ordem ela une uma por uma com uma resina. O acabamento, então, é feito com couro ou com partes de chifre. Por ser um trabalho artesanal, Solange afirma que é muito procurada e vende seus berrantes para lojas especializadas em todo o estado

Solange Macedo, 44 anos, é uma das poucas mulheres que fazem berrante Goiás Anápolis (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Solange Macedo, 44 anos, é uma das poucas mulheres que fazem berrante Goiás Anápolis (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

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