Um estudo da New York University Grossman School of Medicine, publicado no Journal of Neuroscience. mostra que a corrida aumenta os níveis de uma substância química envolvida no crescimento das células cerebrais, que reforça a liberação do hormônio dopamina, responsável pelo “sentir-se bem”. Segundo a pesquisa, camundongos que correram em uma roda por 30 dias tiveram um aumento de 40% na liberação de dopamina no stratium dorsal, a parte do cérebro envolvida no movimento, comparados aos animais que não fizeram o exercício.
Os corredores também apresentaram um aumento de quase 60% nos níveis de BDNF, fator neurotrófico derivado do cérebro desencadeador da dopamina, em comparação com os não corredores. Notavelmente, o aumento na liberação de dopamina permaneceu elevado mesmo após uma semana de descanso. O estudo comprova o que os corredores vivenciam diariamente, correr faz bem para a saúde, não só física, mas também a mental. Com esse objetivo o Órion Business & Health Complex e a Bee Sports estão realizando a 2ª edição da corrida de rua Orgulho de Viver. Nesta quinta (21) alguns atletas participantes do evento, que conseguiram vencer a depressão com a ajuda do esporte, irão celebrar a conquista em um coquetel pré-corrida, agendado para 19h, no Órion Shopping.
A prova é para chamar atenção para o Setembro Amarelo e acontecerá no próximo sábado (23), com concentração a partir das 16h e largada às 17h. A corrida de rua terá percursos de caminhada de 2 km, que pode ser feito por qualquer idade, mas crianças precisam estar acompanhadas pelos pais, e corrida de 5 km, permitida para a partir de 15 anos e 10 km, para a partir de 18 anos. Ludmila Rodrigues Bueno Carneiro vivenciou na própria pele os benefícios da corrida.
“Em 2014 eu vivia um relacionamento abusivo com o pai dos meus filhos, mas ainda não tinha me dado conta disso. Eu trabalhava em uma empresa que incentivava a prática da corrida através de uma disputa interna e uma colega me convidou para correr. A princípio recusei, mas depois topei e dali para frente minha vida mudou. Somente naquele ano corri 32 provas e consegui me separar em agosto”, conta ela, que se tornou, inclusive ultramaratonista.
“Na pandemia foi a primeira vez que procurei ajuda médica e descobri a depressão, cheguei a tomar remédios por cinco meses, eles tinham efeitos colaterais, mas mesmo assim seguia praticando a corrida e o esporte também me ajudou a parar com eles. Isso, sempre acompanhada com ajuda profissional, o próprio médico percebeu que eu não precisava mais dos remédios”, relembra ela. “Com a Corrida Orgulho de Viver queremos mostrar para as pessoas que elas podem pedir ajuda. Com a corrida eu descobri que posso tudo que quero”, completa Ludmilla.
Outros exemplos A corretora de seguros Maria de Jesus Nascimento Lima teve uma infância difícil e cresceu com um misto de angústia, tristeza e revolta. Casou-se e em 2012 começou a se tratar, foi diagnosticada com transtorno bipolar, transtorno de personalidade e depressão. “Quando eu tinha crises ficava nervosa e agredia as pessoas a minha volta, como meu esposo e minhas filhas. Cheguei a ficar internada por sete dias na Casa de Eurípedes. Depois me desencadeou um distúrbio alimentar, comia muito”, detalha ela.
“Um dia olhei pela janela de casa e me deu vontade de correr, vi meu tênis e às 19h30 corri pelo quarteirão e senti uma melhora. Abandonei a medicação e o psiquiatra, mas não recomendo, sei que é errado. Passei a correr sempre, até quando não tinha vontade. Minha família me apoiou e passei a me inscrever em corridas de rua. O exercício tem sido a minha superação. Fiz amizades correndo que também me incentivam”, conta Maria, que criou o hábito da corrida há dois anos.
A assessora médica de um urologista e professora de inglês Victória Noely de Melo Fontenelle corre há sete anos. Ela relembra que desde pequena assistia a Corrida de São Silvestre na televisão e tinha vontade de corrê-la. Em 2016 decidiu entrar para um grupo de assessoria esportiva e quando fez o check-up para isso descobriu um câncer de mama. “Foi um baque, eu tive um começo de depressão, tentei esconder isso dos meus pais, me divorciei na época também”, conta. Após fazer a cirurgia ela foi incentivada a participar de corridas. “Meu médico disse que correr eu não conseguiria, mas que poderia caminhar”.
Victória se inscreveu na época na corrida de rua Rosa e Azul. “Eu fui a última a chegar, já estavam até desmontando as coisas, mas de lá para cá não parei mais, são cerca de 200 corridas de rua e este ano vou para a minha quarta São Silvestre”, destaca. “O maior desafio que vejo é unir as pessoas em busca de um exercício para a depressão, o caminho é o esporte. Sou a prova viva que existe vida após o câncer e após a depressão. Eu descanso correndo. A corrida para mim é sinônimo de conexão com Deus, minha relação com a corrida é de amor”, salienta ela.