11/12/2023 às 15h50min - Atualizada em 12/12/2023 às 00h00min

Museu da Maré, no Rio, terá acervo na internet com mais de mil itens

Criado em 2006, é o primeiro museu de favela concebido pelos próprios moradores. Agora, passará a ser um dos primeiros a disponibilizar o acervo para acesso remoto.

Agência Brasil
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-12/museu-da-mare-no-rio-tera-acervo-na-internet-com-mais-de-mil-itens




O Museu da Maré, que conta a história da formação e desenvolvimento do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, terá um acervo online com mais de mil itens, a partir desta semana. O lançamento será nesta terça-feira (12), e a visita pela internet ficará liberada a partir do dia 13. 



Criada em 2006, a instituição é o primeiro museu de favela concebido pelos próprios moradores. Agora, passará a ser um dos primeiros a disponibilizar o acervo para acesso remoto pela internet, seja para moradores de favelas, comunidades escolares, universidades, pesquisadores e todos que tenham interesse. O endereço do site é arquivomuseudamare.org .



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No pacote a ser disponibilizado online figuram itens iconográficos - fotografias, museológicos e cartográficos. Uma das peças é a representação do rola-rola. Um barril que era utilizado para transportar água pelas ruas e vielas das comunidades, como forma de driblar a falta de abastecimento. 




Museu da Maré, no Rio, terá acervo na internet com mais de mil itens. - 'Rola-rola', objeto utiizado para transporte de água. Foto: Divulgação/Museu da Maré

Museu da Maré, no Rio, terá acervo na internet com mais de mil itens. - 'Rola-rola', objeto utiizado para transporte de água. Foto: Divulgação/Museu da Maré






O objeto conhecido como Rola-Rola era usado no transporte de água - Divulgação/Museu da Maré



A coordenadora do Museu da Maré, Cláudia Rose, explicou que um dos motivos para fazer a digitalização do acervo foi a pandemia, que forçou o museu a mudar o direcionamento. Para ela, o trabalho, iniciado em 2021, além de democratizar o acesso, resultará ainda em mais visitas presenciais. 



"Com certeza amplia o interesse das pessoas pelo acervo, não só moradoras, mas de tantas outras. Elas vão poder conhecer e ter interesse em ver esse acervo presencialmente. A gente fez alguns testes e pessoas disseram que deu vontade de conhecer mais de perto", afirmou à Agência Brasil.



Trabalho minucioso 



O acervo ficará hospedado na plataforma de software livre Tainacan. Mais do que disponibilizar itens de forma online, foi realizado um trabalho cuidadoso visando descrever o material oferecido.  



Um dos destaques da migração para o ambiente digital é a criação de descritivo minucioso para os objetos de matriz africana, que, na visão dos organizadores do Museu da Maré, frequentemente carecem de informações detalhadas em acervos online e físicos. 



Grande parte do acervo apresentado foi adquirida por meio de doação de moradores das favelas da Maré. Mais da metade apresenta fotos históricas, como as que retratam as palafitas que deram início à comunidade. 



Identificação 



Nascida na Baixa do Sapateiro, uma das 16 comunidades da Maré, a coordenadora do museu, Cláudia Rose, disse que, muito antes da criação da instituição, em 2006, já havia uma participação colaborativa coletiva no local. “Esses moradores começaram a falar de todas as mudanças ocorridas no território e juntaram fotos e documentos”, revelou. 



Para ela, a divulgação da memória da Maré no ambiente virtual contribuirá para reforçar a identificação dos moradores, principalmente os mais novos, com o território. 



"O museu se torna um instrumento de diálogo com pessoas de tantos lugares, compartilhando histórias. Os moradores, principalmente os mais jovens, passam a ter acesso a todas essas memórias e objetos desse patrimônio imaterial da construção do território. Essas pessoas têm essa identificação com aqueles que vieram antes e com a necessidade de estarem organizadas para vencer os desafios atuais", argumentou Cláudia, que hoje não mora mais na comunidade. Ela é professora de uma escola da rede municipal na região. 



Ao fazer parte do ambiente virtual, o Museu da Maré passa a integrar a construção do projeto Favelas.Br: Arquivos Digitais Periféricos e Educação Patrimonial, em parceria com a Casa do Povo, em São Paulo, e a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). 



Um próximo passo prevê a migração do acervo para a plataforma Brasiliana, que está sendo construída pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), unindo o acervo do Museu da Maré ao de grandes instituições do país. 



Como é a Maré 



Cerca de 140 mil pessoas moram no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro. A região é uma área de manguezal que foi aterrada e deu origem a palafitas, em meados da década de 40 do século passado. As comunidades são margeadas por vias expressas como a Avenida Brasil e as Linhas Vermelha e Amarela.  



Desde 1994, A Maré é oficialmente reconhecida como bairro - um dos com maior densidade demográfica no Rio de Janeiro.  



Fazem parte do Complexo da Maré as comunidades Baixa do Sapateiro, Conjunto Esperança, Conjunto Pinheiro, Conjunto Bento Ribeiro Dantas, Marcílio Dias, Morro do Timbau, Parque Maré, Nova Maré, Parque União, Nova Holanda, Parque Rubens Vaz, Praia de Ramos, Parque Roquete Pinto, Vila do João, Vila do Pinheiro, e Salsa e Merengue.



Com informação da Agência Brasil



Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-12/museu-da-mare-no-rio-tera-acervo-na-internet-com-mais-de-mil-itens
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