Com cardápio desenvolvido pelo chef de cozinha Rodrigo Martins - que já representou o Brasil no campeonato Bocuse D’Or, na França - a organização não governamental (ONG) SP Invisível programou a distribuição de 21 ceias em 11 endereços da cidade, com prioridade para os pontos de maior concentração de beneficiários, como as praças do Patriarca, no Centro Histórico, e Marechal Deodoro, no bairro de Santa Cecília, e a região da Baixada do Glicério, também na zona central.
Para que a estrutura fique à altura do jantar oferecido, a equipe organizadora proporciona conforto e diversão aos convidados com os pratos servidos em mesas e circulação de um trio elétrico, além de jogos de bingo. Também são realizados sorteios de itens como moletons e produtos de higiene e beleza e espaços voltados especificamente às crianças, com recreadores voluntários.
A ONG completa uma década de atividades. Seus idealizadores, André Soler e Vinícius Lima, a criaram após a participação em uma oficina de fotografia, promovida em uma igreja batista.
Atualmente, com anos de maturação de princípios, a SP Invisível tem em sua base três pilares de atuação: a conscientização sobre a realidade da população em situação de rua; combate ao frio e à fome; e assistência social para viabilizar a inclusão produtiva através de ações de capacitação e empregabilidade.
O fundador André Soler disse que há "lucidez e técnica" na abordagem que adotou para se relacionar com as pessoas em situação de rua. "Pensando na questão do acolhimento e empoderamento, baseamos nosso plano de ação no grau de autonomia de cada ser humano, e classificamos em quatro níveis: situação de calçada, acolhimento institucional, autonomia parcial e autonomia total", afirmou.
"Com esse panorama em mãos, começamos a direcionar nosso atendimento. Para quem está em situação de calçada, priorizamos recursos essenciais que vão desde moradia de emergência em abrigos, alimentação e encaminhamento médico e psicológico. Aqueles que já usufruem do acolhimento institucional podem ser incluídos em programas de educação básica e capacitação profissional. E assim por diante, até aquela pessoa conseguir restabelecer seus vínculos sociais por completo e atingir a independência financeira."
Soler mencionou, ainda, os frutos que a proximidade com a gastronomia trouxe para quem é amparado pelo projeto. "A organização atua com um atendimento personalizado, visando acolher cada indivíduo de acordo com as suas necessidades."
Para auxiliar a população em situação de rua que está em busca de um emprego, a ONG desenvolveu a Jornada da Emancipação, programa que capacita em nível profissional e tenta facilitar contratações na área de gastronomia.
"Criado em 2023, o programa já formou 78 pessoas, sendo que 46% delas conseguiram ingressar no mercado de trabalho. Além da formação em si, desenvolvemos habilidades de relacionamento interpessoal com atendimento de psicólogos voluntários e assistentes sociais e conectamos essas pessoas com o setor produtivo", informou Soler.
O fundador já teve seu engajamento com a causa reconhecido pela lista Forbes Under 30 (jovens de menos de 30 anos que se sobressaem) em 2019, como o mais influente do meio social.
A SP Invisível ainda está recebendo doações para a realização da campanha deste ano. Pela internet, é possível escolher entre quantias fixas de R$ 80, R$ 140 e R$ 260, que cobrem os custos de meia ceia, uma ceia completa e duas ceias, ou indicar um valor distinto desses já estabelecidos.
Com informação da Agência Brasil