Com duração até a terça-feira (29), o evento está distribuído entre os campi Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, Professor Geraldo Cidade, em Duque de Caxias, e Centro Multidisciplinar UFRJ-Macaé, em Macaé. Por meio de uma parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a universidade também realiza a SNCT nos Territórios no Colégio Estadual Clóvis Monteiro, em Manguinhos, e na Escola Genival Pereira de Albuquerque, na Maré. Para a assessora da Superintendência de Integração e Articulação da Extensão na Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ, Renata Soares, a SNCT é uma forma de acesso à universidade e aos conhecimentos populares para os estudantes que participam da programação.
No campus da Cidade Universitária, o evento vai até sexta-feira (18). São esperados mais de 3 mil estudantes no Centro de Tecnologia, que sedia as atividades. Ao longo do evento, nos diferentes campi, são aguardados cerca de 8 mil alunos dos ensinos infantil, fundamental, médio e da educação para jovens e adultos (EJA) e mais de 160 escolas públicas e privadas de todo o estado.
Em entrevista à Agência Brasil, Renata destacou a relevância da programação ao trazer alunos da educação básica para conhecer a universidade e reforçou o papel da divulgação científica e do diálogo com os alunos. “A importância é exatamente o papel da extensão universitária, que proporciona o diálogo que permite aos estudantes da educação básica conhecer a universidade e dá estudantes universitários oportunidade de ter essa experiência em sua formação.” Renata enfatizou a divulgação científica e a possibilidade de diálogo com essas pessoas, que também podem contribuir. A partir do momento em que as oficinas conversam com esse público da educação básica, ele reflete sobre o que a universidade está produzindo e se reinventam, disse.
“O evento faz toda a diferença. Sempre tive o desejo de estar na universidade, mas sei, e agora como estagiária em uma escola pública, que muitas vezes os jovens não se vêm dentro desse espaço. Acho que eles estarem ocupando esse ambiente de alguma forma também incentiva o desejo de estar na universidade, que é muito importante”, diz a estudante de pedagogia Clara Tavares Pereira.
Nesta edição da Semana de Ciência e Tecnologia, Clara participa da programação como extensionista do Projeto Integrado da UFRJ para a Educação de Jovens e Adultos. “É a primeira vez que participo, então não conhecia ainda o evento, mas está sendo incrível poder compartilhar um pouco do nosso trabalho e também criar coisas novas para apresentar aos visitantes. Criamos jogos para fazer com os alunos, que são de várias faixas etárias. Estamos atendendo desde crianças pequenas até adultos e está sendo uma experiência riquíssima aprender com eles também.”
Um grupo de alunos vestindo uniformes da rede pública municipal da cidade do Rio de Janeiro se concentra em torno de alguns animais empalhados trazidos ao Centro de Tecnologia da Ilha do Fundão. As 20 diferentes espécies fazem parte do projeto O Clube de Jovens Cientistas do Museu Nacional: Ciência na Quinta, que procura mostrar como as ações antrópicas e as mudanças climáticas afetam diretamente os biomas do litoral fluminense.
“Todas as espécies que temos aqui são do Rio de Janeiro. Mostramos um pouco como essas mudanças afetam a área terrestre e marítima”, diz a aluna de Ciências Biológicas Melissa Marte. Para Melissa, estabelecer esse diálogo sobre mudanças climáticas com os alunos da educação básica é importante para a popularização da ciência. “É importante trabalhar com a conscientização da população, e creio que, quanto mais cedo fizermos isso, melhor. Afinal, estamos preservando para as próximas gerações, mas elas também precisam ter ciência do que está acontecendo e de como podemos melhorar o meio ambiente e conservar aquilo que ainda temos”.
O impacto no meio ambiente também é assunto da pesquisa do professor do Departamento de Construção Civil da UFRJ Luís Otávio Cocita Araújo. Cercado por alunos curiosos com as peças de madeira à vista, ele afirma que este é um material que revolucionará a construção civil. “Toda construção civil até hoje usa uma base mineral, seja para o cimento ou para o aço, mas a madeira você planta, colhe e pode usar para fazer edificações. Então, busco levar os alunos de engenharia a ter essa consciência. Para despertar essa consciência neles, trazemos os estudantes para as bancadas, para que possam preparar esses elementos eles próprios”, explica à Agência Brasil.
Segundo o professor, pensar em uma engenharia tendo como base materiais sustentáveis, como a madeira, é uma forma de promover um futuro sustentável. “Se a gente pensar que tem muita coisa para construir ainda e pensar na demanda que temos para fazer prédios, casas, hospitais, creches, escolas, aeroportos, os recursos usados até aqui não são renováveis. Então, uma hora vão acabar, por isso, é importante garantir que as gerações futuras tenham acesso a esses espaços também.”
Outro ponto importante, de acordo com Araújo, é que a árvore sequestra gás carbônico (CO2) da atmosfera enquanto cresce, o que permite reduzir as emissões de carbono. “Quando cortamos a madeira e usamos na construção civil, dentro dela existe CO2 armazenado. Esse é um tremendo benefício: é um sistema construtivo que usa material renovável e que consegue diminuir as emissões de gás carbônico, dando uma boa resposta para a sociedade e para o meio ambiente.”
*Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa
Com informação da Agência Brasil