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Após queda do governo Montenegro, começa campanha relâmpago em Portugal

 

Mundo
12/03/2025 19h24 - Atualizado há 11 horas


LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) - O dia seguinte àquele em que a Assembleia da República "chumbou" o primeiro-ministro Luís Montenegro -para usar uma gíria comum em Portugal quando se fala em derrubar ou rejeitar algo- foi também o da largada de uma campanha eleitoral relâmpago.

 

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa acena com as datas de 11 e 18 de maio para um novo pleito. No semi-parlamentarismo português, é o primeiro-ministro quem governa, mas cabe ao presidente intervir em momentos de crise -o que inclui marcar a data das eleições.

Nesta quarta-feira (12), Sousa recebeu em seu gabinete os líderes dos nove partidos com assento na Assembleia. As duas primeiras conversas foram justamente com Montenegro (Partido Social Democrata, de centro-direita) e com o principal rival na disputa por sua cadeira, Pedro Nuno Santos (Partido Socialista, de centro-esquerda).

Ambos defenderam eleições o quanto antes, se possível na primeira data aventada pelo presidente, exatos dois meses depois da sessão em que a moção de confiança apresentada por Montenegro foi rejeitada pelo Parlamento.

A campanha eleitoral começou no instante em que os dois líderes saíram do gabinete presidencial e falaram com a imprensa.

Montenegro elencou os números da economia. Portugal cresceu 2,5% no ano passado, segundo estimativa preliminar, acima da média da União Europeia; deverá ter superávit recorde nas contas públicas; a nota de risco do país foi elevada pela agência Standard & Poor's no início deste ano; e o governo, com dinheiro em caixa, aumentou os salários de vários setores do funcionalismo.

No mesmo dia em que o governo caiu, a alemã Volkswagen, maior montadora da União Europeia, anunciou que vai produzir uma nova linha de carros elétricos em Palmela, município da área metropolitana de Lisboa -o que vai gerar novos empregos.

Como que respondendo ponto a ponto ao seu opositor, Pedro Nuno disse à saída do gabinete presidencial que o dinamismo econômico só foi possível porque o governo socialista de António Costa deixou as contas em ordem. Já há alguns meses o Partido Socialista espalhou outdoors pelo país defendendo que os aumentos salariais para o funcionalismo são mérito da sigla, e não de Montenegro.

Pedro Nuno tem batido na tecla de que os superávits vêm sendo obtidos à custa da falta de investimento nas áreas de saúde, educação e habitação. O dinamismo econômico não impede que os portugueses sofram com os aluguéis caros e a falta de médicos nos hospitais públicos.

Para além da economia, o tema que deverá predominar na campanha eleitoral será mesmo o da ética e da corrupção. Montenegro caiu em meio a acusações de conflito de interesses. A Spinumviva, empresa pertencente à sua família, tinha um contrato com a Solverde, proprietária de cassinos -em Portugal o jogo é concessão pública.

Nesta quarta, a Procuradoria Geral da República anunciou uma "averiguação preventiva" da Spinumviva. O procurador-geral, Amadeu Guerra, afirmou que a investigação, num primeiro momento, se basearia em documentos e relatórios públicos, sem convocar Montenegro para depor. "Dos elementos que recolhemos até agora não há fundamento para abrir qualquer inquérito", disse Guerra ao jornal O Público.

Uma pesquisa do instituto Intercampus divulgada nesta quarta (12) mostra que o caso da Spinumviva começa, aos poucos, a corroer a imagem de Montenegro. Em uma escala de 0 a 5, ele recebeu uma nota 2,7. A pesquisa foi feita na semana seguinte ao feriado de Carnaval, quando as denúncias se intensificaram. Em janeiro, a nota de Montenegro era 3. O levantamento também apontou uma ligeira vantagem do PS em relação ao PSD nas intenções de voto, embora dentro da margem de erro -25% contra 23,5%.

O debate da terça (11) na Assembleia da República já havia deixado claro qual a estratégia dos dois principais partidos. O PSD falará predominantemente de economia, e o PS, de ética e corrupção.

Paralelamente às estratégias de campanha das duas siglas, a atuação do Ministério Público terá um papel decisivo no pleito. Se as investigações encontrarem fatos comprometedores que levem à abertura de um inquérito contra Montenegro, Pedro Nuno terá o caminho aberto para conseguir a cadeira de premiê.



Fonte: https://www.noticiasaominuto.com.br/mundo/2266907/apos-queda-do-governo-montenegro-comeca-campanha-relampago-em-portugal?utm_source=rss-mundo&utm_medium=rss&utm_campaign=rssfeed
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