De acordo com o delegado Alex Rodrigues, responsável pela investigação, o primeiro sinal de alteração em Lucas notado pelos familiares foi uma reação que eles consideraram desproporcional a uma briga entre o cachorro do policial - que ele havia adotado recentemente e levado à chácara - e o cão da família.
Rodrigues descreveu que, para separá-los, Lucas acabou chutando o segundo animal. Esse teria sido o início do surto de agressividade do policial, que acabou rolando com o cachorro no chão, pediu desculpas por diversas vezes, mas teve que tomar uma vacina antitetânica no dia seguinte. Depois disso, Lucas teria danificado a casa da chácara da família de várias formas. Entre elas, cravando um canivete através de um coração feito de espuma a uma porta (veja foto acima).
“A mãe dele tinha voltado para a casa em que mora em Brasília com o outro filho, irmão de Lucas, e ele estava com o padrasto, que foi notando piora no comportamento dele”, completou o delegado.
No entanto, Valença voltou ao surto no caminho e saía do carro, correndo pela rodovia e insistia em voltar para a chácara.
Rodrigues disse que a família não explicou se ele estava ou não tomando algum medicamento e se tinha acompanhamento de algum psiquiatra.
A psicóloga de Lucas, segundo o delegado, também preferiu não dar detalhes sobre o tratamento. O delegado contou que os amigos tentaram ajudar Lucas durante cerca de 12 horas, até que desistiram de insistir e o deixaram onde ele pediu: em frente ao condomínio de chácaras em que ficava a propriedade da família dele.
Após esse momento, Lucas caminhou cerca de 1,5 km até a casa em que acabou morto. As investigações apontaram que ele estava descalço e de bermuda quando quebrou a chave da energia da casa e invadiu o imóvel.
Lucas Valença estava "transtornado, proferindo xingamentos e ameaças, no meio de surto psicótico, chegando a quebrar o padrão de energia da residência e, ao final, arrombar a porta de acesso ao imóvel", segundo o inquérito policial.
O delegado explicou que, segundo o autor do disparo, a arma foi comprada há cerca de quatro anos. A espingarda era, originalmente, de chumbinho, mas foi adaptada para se tornar uma arma de fogo.
"Ele disse que tinha essa arma para se proteger de possíveis animais, porque morava na zona rural", disse Rodrigues.