A Justiça autorizou que a mãe acusada de matar as duas filhas em Edéia, no sul goiano, na manhã de terça-feira (27), seja internada para tratamento emergencial no Pronto-Socorro Psiquiátrico Wassily Chuc, em Goiânia, após tentar se matar mais uma vez, agora dentro da cadeia pública de Israelândia, para onde foi transferida após a prisão.
Izadora Alves de Faria, de 30 anos, tentou se enforcar nesta quinta-feira (29) com as roupas que usava na cela do presídio e, segundo avaliação médica encaminhada ao Judiciário, demonstra graves perturbações mentais.
O juiz Hermes Pereira Vidigal, da Vara Criminal da comarca de Edeia, destacou em sua sentença logo no início que há “fortes indícios de que a acusada seja portadora de alguma enfermidade mental, fato constatado por este juízo no momento de sua oitiva na audiência de custódia”, realizada na quarta-feira (28).
O magistrado também lembra que seria a segunda vez que a mulher tentou suicídio, sendo a primeira logo após ter matado as filhas Lavínia, de 10 anos, e Maria Alice, de 6, quando usou uma faca para fazer cortes no pescoço e no pulso.
Após Izadora ser avaliada pela unidade de saúde para a qual foi levada após ser encontrada na cela, foi constatada, segundo o juiz, a necessidade de internação em unidade psiquiátrica com urgência. Ela foi levada na quinta ainda para o Wassily Chuc.
“A manutenção da segregação cautelar da autuada poderá acarretar ainda mais danos a integridade física e mental da mesma, tornando-se a conversão da prisão preventiva em internação temporária medida necessária”, escreveu o juiz.
Hermes determinou que a Secretaria Estadual de Saúde (SES) encontre em até 72 horas uma vaga em alguma unidade de saúde psiquiátrica adequada para que a mulher seja internada para tratamento, com escolta policial.
Na sentença também é dito que a unidade hospitalar para onde Izadora for encaminhada deve encaminhar um relatório mensal ao Judiciário sobre sua evolução e uma possível alta da autuada só poderá ser realizada após uma prévia comunicação e autorização da Justiça.
A decisão foi respaldada por manifestação favorável da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO), da direção do presídio em Israelândia e do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). Este último pediu também uma consulta especializada com psiquiatra para que se avalie a necessidade de internação e tratamento.
Entenda o caso
Izadora foi presa em um matagal perto da casa em que cometeu o crime, na noite de terça-feira. Ela disse na delegacia que matou as filhas acreditando estar fazendo um bem a elas, pois temia que as duas fossem vítimas da mesma sequencia de abusos que ela dizia sofrer em casa por parte do marido. Ainda em depoimento, ela disse que tentou comprar em julho uma arma para cometer o crime.
Foi o pai das meninas quem achou os corpos, em um colchão dentro de casa. Na delegacia, ele contou que tinha brigado com a esposa um dia antes, que ela ameaçou matar as filhas e depois se matar e que o relacionamento do casal estava bastante conturbado.
Em depoimento, Izadora contou que tentou envenenar, depois eletrocutar as crianças na manhã de terça-feira, depois as afogou e após retira-las de uma caixa d’água as colocou em um colchão, provavelmente já mortas, onde desferiu um golpe de faca no peito de cada uma.
Em seguida, a mulher disse que usou a mesma faca para tentar se cortar, tomou um pouco do veneno e que decidiu ir para fora de cada continuar a tentativa de suicídio. Ela disse ter ficado sentada no mesmo local onde foi encontrada por horas, tentando se cortar mortalmente com a faca.
Quando foi encontrada, Izadora não reagiu à prisão. Foi levada para um hospital e depois, na quarta-feira, para a delegacia. Após a audiência de custódia, a Justiça converteu a prisão em flagrante dela em preventiva. O inquérito ainda não foi concluído.