A competição, que reúne cerca de quatro mil atletas entre 15 e 17 anos, de escolas públicas e privadas de todo o país, segue até o próximo dia 16, com transmissão da TV Brasil (confira, no fim do texto, a programação da semana que vem).
"Para falar a verdade, eu não estava muito confiante, porque eu sempre tinha as concorrentes em mente e sabia que elas eram um pouco mais fortes por conta da idade, mas se estou aqui é porque mereço. Na última volta [da prova de resistência], peguei a esquerda, fiquei atrás um pouco e decidi no sprint [explosão de velocidade]. Usei a cabeça", disse Kawani, ao site do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
A pernambucana, porém, ainda tinha mais medalhas a buscar na recém-finalizada segunda fase dos Jogos, desta vez no triatlo, uma das cinco modalidades que estrearam no evento. A jovem foi ao pódio duas vezes, com um bronze (equipes mistas) e uma prata (individual). Nesta última, Kawani também brilhou no sprint, agora na corrida, ultrapassando a paulista Maria Luiza Oliveira quase na linha de chegada.
"O último gás veio justamente da minha treinadora, a Ceça, que estava o tempo todo me acompanhando e, também, a torcida que me ajudou muito. Não posso mentir: não estava acreditando muito em mim mesma, mas, graças aos meus técnicos e aos meus fãs, consegui essa medalha", comemorou a jovem.
Kawani já acumulava medalhas em competições nacionais de base no ciclismo e no triatlo antes dos Jogos da Juventude. Os resultados a credenciaram a ser contemplada pelo Bolsa Atleta (programa federal de patrocínio individual), na categoria Estudantil. Ela também recebe o Bolsa Atleta do estado de Pernambuco. Na infância, porém, o esporte que a encantava era outro. Torcedora do Sport, ela começou no futebol, aos seis anos.
"Queria ser uma Marta. Ela sempre será uma referência para mim, assim como a Formiga, e tem um lugar no meu coração para esse esporte. Depois eu fui para a natação, porque meu irmão tinha asma e minha mãe tinha muito medo que eu tivesse. Então, ela queria que todos nós nadássemos, pois ajuda a melhorar. Mas eu conheci o ciclismo e em 2019, justamente nos Jogos da Juventude, em Blumenau [SC], consegui três medalhas. Foi aí que a minha paixão pela bicicleta falou mais alto", recordou a pernambucana.
A garota concilia a rotina de acordar cedo e pegar ônibus para ir e voltar da escola com treinos de natação, três vezes por semana, e atividades na casa da técnica Ceça, onde pedala no rolo fixo, um equipamento fixado ao eixo da roda traseira da bicicleta para garantir estabilidade, que compensa a dificuldade para se exercitar na estrada.
"A família dela é bem humilde, ela ajuda a mãe com o Bolsa Atleta. O que a gente pode fazer é chegar junto, [auxiliar com] material esportivo, coisas que ela ainda não tem próprias. Graças a Deus, ela conseguiu as bolsas estadual e federal, por mérito dela", destacou Ceça, em vídeo publicado no canal do Time Brasil no YouTube.
Apesar de se destacar em duas modalidades, está chegando a hora de Kawani decidir qual delas proporcionará o melhor caminho rumo ao sonho de representar o Brasil em uma Olimpíada. Segundo Ceça, a jovem não tem dúvidas de que o futuro está na bicicleta.
"A Kawani é nata e tem um futuro brilhante. No que se dedicar, ela vai desenvolver bem. Estamos entrando na fase de maturação, que temos de escolher as provas específicas, pois não dá para ser boa em tudo. Se quer pensar em seleção brasileira, não dá para abraçar o mundo. E hoje ela tem consciência de que a especialização é no ciclismo", concluiu a treinadora.
A segunda fase dos Jogos da Juventude chegou ao fim neste domingo (10). A partir de terça-feira (12), tem início a etapa final do evento, com sete modalidades: esgrima, tiro com arco, vôlei de praia, natação, águas abertas, handebol e basquete.
Terça-feira (12)
9h - natação
Quarta-feira (13)
9h - natação
Quinta-feira (14)
9h - natação
16h - finais do vôlei de praia
Sábado (16)
11h - finais do handebol
Com informação da Agência Brasil