Emancipado em 1992, Terezópolis de Goiás é um pequeno município na Rota das Águas, entre Goiânia e Anápolis. Sua população é menor que oito mil habitantes, mas tem uma das mais nobres missões: ser guardiã da água que abastece cerca de três milhões de habitantes que estão em Goiânia e na região metropolitana. É que o município situa-se dentro da Área de Preservação Ambiental do Ribeirão João Leite (APAJOL) e está bem próximo da barragem do João Leite.
Imbuído desse propósito, o município prepara-se para se tornar a capital sustentável de Goiás, graças à mentalidade de sua população e aos projetos desenvolvidos pelo poder público e o privado. É o que diz o prefeito de Terezópolis de Goiás, Uilton Pereira, ao citar as iniciativas de empreendedorismo sustentável que têm florescido no município, impulsionando a economia local por meio de práticas que respeitam o meio ambiente.
Ele explica que a cidade está com o plano diretor em consonância com o Plano de Manejo da APA do João Leite. Desde dezembro de 2022, o licenciamento ambiental passou a ser feito pela Secretaria de Meio Ambiente do município, e não mais pela pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-GO).
“Nós criamos um corpo técnico para esta finalidade e temos recebido inclusive elogios do Ministério Público. Hoje nós sabemos qual é nossa vocação e passamos a ter orgulho de nosso papel. Embora sejamos um pequeno município, temos uma grande missão e estamos buscando mecanismos de desenvolvimento respeitando esta missão de garantir água potável para três milhões de habitantes", disse.
A cidade já é reconhecida pela sua produção de orgânicos, mais uma vertente que reforça um compromisso coletivo com a sustentabilidade e o meio ambiente. No âmbito comunitário, a prefeitura desenvolve ações de coleta seletiva, que inclui as escolas municipais. Como incentivo, a prefeitura troca material reciclável por material escolar e lanche. Agora, a cidade deve passar por uma expansão urbana ordenada e se desenvolver mais nos próximos anos.
De acordo com o Plano de Manejo da Apa do João Leite, revisado em 2019 pela Semad-GO, passou a ser permitido, em alguns pontos, a implantação de projetos de moradia e de indústrias, desde que tenham medidas de proteção ambiental. Para Uilton, esta foi uma decisão acertada. "A legislação muito restritiva favorece o crescimento irregular. Eu vi isso acontecer em Terezópolis de Goiás durante mais de 12 anos", ponderou ele, fazendo menção ao passado.
Ele lembra que Terezópolis de Goiás é um município privilegiado por sua localização entre Goiânia e Anápolis, dois grandes pólos de desenvolvimento. "Em 14 minutos, chegamos ao Aeroporto Internacional da capital, em 18 minutos, ao shopping. Ao mesmo tempo, aqui tem o clima de cidade do interior, com abundância de natureza e com a possibilidade de vida em comunidade, em que a gente coloca a cadeira na porta de casa no fim do dia", comenta.
A cidade, que já possui equipamentos sustentáveis como o Park Santa Branca, que atrai turistas de todo eixo Goiânia-Brasília, e a Ecovila Santa Branca, um condomínio horizontal que é modelo em preservação ambiental, vai receber novos projetos com o mesmo conceito.
O próximo será condomínio horizontal o Aldeia Santerê Casa e Natureza, que será implantado no perímetro urbano da cidade, às margens da BR-060 pela Tropical Urbanismo. O futuro residencial terá 800 mil metros quadrados de área verde, o que dá uma uma média de 744 m2 por morador. O número é quase oito vezes maior que a média de área verde por habitante em Goiânia - cidade que já é considerada a segunda mais verde do mundo com seus 94 metros quadrados por habitante, conforme a prefeitura da capital goiana.
Na área externa, vizinha ao condomínio, há uma reserva natural permanente de 580 mil metros quadrados. Para o local, já está em tratativa com a prefeitura municipal de Terezópolis de Goiás a implementação de um parque aberto ao público.
Mais sobre o Aldeia Santerê O projeto também trará solução de ocupação para evitar que água e sedimentos do condomínio escorram para a barreira do João Leite. Uma delas serão os swales, que são valas de captação com a função de absorver as águas das chuvas para direcioná-las ao lençol freático. Para garantir ainda mais a segurança hídrica, haverá na parte inferior do condomínio uma bacia de detenção e infiltração para receber qualquer resíduo de água ou excedente em caso de chuvas atípicas
Serão 110 mil metros de swales no fundo de todos os lotes e, junto a eles, haverá um pomar com largura de 15 metros e total de 3900 metros de extensão. Com isso, os moradores não terão vizinhos de fundos, mas sim uma trilha natural de frutas, conceituada como Quintal Santerê. “Será um grande colchão verde nas artérias do condomínio, que trará maior umidade, menor temperatura, atração de pássaros e animais”, explica Leandro Daher, também diretor da Tropical Urbanismo.
Outra novidade será a horta com um herbário, em uma área de 600 metros quadrados, para incentivar o plantio de ervas medicinais, temperos e hortifruti, o que inclui também ações educacionais. O condomínio contará a gestão de resíduos sólidos, através da coleta seletiva dos resíduos recicláveis e da compostagem dos resíduos orgânicos. Esses, inclusive, servirão de adubo para a horta e o pomar.