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22/03/2024 às 16h16min - Atualizada em 22/03/2024 às 16h16min

Reaproveitamento de água gera lições, inclusive acadêmicas

Sistema de captação e reuso de água de ar-condicionado vira tema de TCC e serve como inspiração para jovens profissionais replicarem o modelo

Área de captação de água das chuvas situada no heliponto do Órion Business & Health Complex
Levantamento do Instituto Trata Brasil, feito em parceria com a GO Associados, com base em dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e divulgado no ano passado, mostra que o Brasil desperdiça mais de 40% da água potável captada por causa de vazamentos, erros de medição e ligações clandestinas. O estudo aponta que em 2015, 36,7% da água potável produzida no país foi perdida durante a distribuição. Já em 2021, o ano mais recente com os dados disponibilizados, o índice atingiu 40,3%.

Isso significa que, a cada 100 litros de água captada da natureza e tratada para se tornar potável, quase 40 litros se perdem. Por outro lado, dados da Agência Nacional de Águas (ANA) mostram que a demanda por uso deste precioso líquido no Brasil deve aumentar em 30% até 2030. Por tudo isso, neste Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, se torna ainda mais importante mostrar soluções para o bom uso desse recurso natural. Em Goiânia, um bom exemplo é o do Órion Business & Health Complex, o qual virou até tema de trabalho de conclusão de curso (TCC).

Os estudantes de engenharia civil da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) Higor de Paula Ferreira e Giovani Jorge Barbotti mostraram no TCC feito em 2018 o sistema de reaproveitamento das águas descartadas pelos aparelhos de ar-condicionado do empreendimento. “Ao adentrar no reservatório, verificamos o sistema que capta a água de 31 andares, que desde o gotejamento da água dos ares-condicionados seguem para tubulações exclusivas dessa captação até despejarem no reservatório, o qual foi pensado e executado a fim de suprir as necessidades do empreendimento, como a irrigação do jardim, limpeza, entre outros”, destaca Giovani.

Para o trabalho, os alunos  realizaram 14 medições, sendo analisada a vazão da água gerada pelos aparelhos de ar-condicionado, nos meses de janeiro a junho, advinda de 400 salas comerciais. “Com esse laudo, verificamos o volume médio de água gerada, foi calculado o quanto esse volume renderia em certos períodos do ano e sua economia pelo suprimento de água potável. O objetivo foi atingido, podendo verificar a importância da implantação do sistema de reaproveitamento, tanto para a causa da sustentabilidade como para economia de gastos”.

Hoje, Giovani e Higor já estão formados e atuando no mercado. Sempre que possível tentam implantar algum sistema para captação de água em seus trabalhos. “Como engenheiro projetista, tento visar meus projetos para gerar economia de gastos e atingir a qualidade da obra. A ideia de se fazer um projeto de captação de água dos reservatórios é sempre bem-vinda. Já realizei projetos de reaproveitamento da água pluvial, visando a economia gerada para o cliente e a sustentabilidade”, conta Giovani.

Reaproveitamento de água no Órion
O Órion Business & Health Complex, situado no Setor Marista, em Goiânia, tem capacidade para captar e armazenar cerca de 35.700 litros de água, seja ela a que goteja nos drenos dos aparelhos da central de ar-condicionado, que atende a 670 salas, ou a da chuva. Todo o líquido é utilizado na limpeza e irrigação das áreas verdes. De acordo com o engenheiro e síndico do empreendimento, Leopoldo Gouthier, os sistemas acarretam em economia e sustentabilidade. “Considerando que economizo aproximadamente R$ 875 cada vez que enchemos o reservatório e em determinados períodos do ano eu consigo fazer isso cerca de 20 vezes no mês, essa economia chega a R$ 17.500”, calcula.

Para a captação da água das chuvas, o Órion usa lajes impermeabilizadas no telhado e a direciona para os gigantescos tanques. No período chuvoso, os reservatórios atingem a capacidade máxima de recolhimento. Na seca, as gotas do ar-condicionado são as protagonistas. “Ao invés de pingarem no chão ou irem diretamente para o lençol freático através de tubulação, nós a reutilizamos”, detalha Leopoldo. “Nós estamos reutilizando uma água que, normalmente, ficaria em desuso. E, após o seu reúso, ela retorna para o lençol freático. A água não é potável, então nós a utilizamos para irrigação e limpeza”, completa.


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