Dados do Programa Conjunto das Nações Unidas para o HIV e a aids (Unaids) divulgados no final de novembro indicam que o Brasil alcançou mais uma meta de eliminação da Aids como problema de saúde pública. Em 2023, o país diagnosticou 96% das pessoas estimadas de serem infectadas por HIV e não sabiam da condição sorológica. O percentual é calculado a partir da estimativa de pessoas vivendo com HIV. Segundo o Ministério da Saúde, o tema do Dezembro Vermelho deste ano é “HIV. É sobre viver, conviver e respeitar. Teste e trate. Previna-se”, o mês ganha essa cor para ressaltar a importância de se falar sobre a doença.
A infectologista Juliana Barreto, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, comenta a relevância de se alcançar essas marcas. “O primeiro passo para o controle da doença é fazer o diagnóstico, especialmente em pessoas que não sabiam da condição. Quem tem vida sexual ativa, precisa fazer os exames de prevenção às doenças, as infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) e, dentre essas, o HIV”, destaca.
Contudo, a especialista ressalta que fazer mais campanhas poderia levar mais conscientização para as pessoas de que esta é uma doença que não tem cura e, portanto, é preciso continuar a ter hábitos de prevenção. “Hoje o HIV é muito negligenciado porque tem a PrEP, que é a profilaxia pré-exposição, e o tratamento. As pessoas perderem o medo de se contaminar e não usam mais preservativos, principalmente os jovens. Tanto é que aumentou o índice de outras doenças transmissíveis, além do HIV”, completa.
Tratamento
Juliana Barreto explica que atualmente o tratamento está bem evoluindo. “Hoje a gente sabe que se começar o tratamento rápido, feito um diagnóstico precoce, quase nunca evolui para AIDS. Qual é a diferença da AIDS para o HIV? A AIDS é a pessoa que tem o diagnóstico de HIV, mas já com diagnóstico de doença imunossupressora, as famosas doenças oportunistas, o paciente já tem outra doença associada”, ressalta. “Os tratamentos que são as terapias antirretrovirais contra o HIV hoje estão muito eficazes, praticamente sem eventos colaterais. Lembrando que o HIV é uma doença inflamatória crônica, quem tem o diagnóstico tem que fazer todo o acompanhamento para realmente prevenir qualquer tipo de infecção posterior”.
Sobre uma possível vacina para a doença, a infectologista salienta que não é tão simples. “A vacina contra a AIDS ainda é uma polêmica, um enigma, porque realmente ainda tem muitas pesquisas a serem feitas. O retrovírus, que é o vírus do HIV, ele é um vírus que desenvolve e muda o sequenciamento muito rápido, essa é a grande dificuldade de se fazer essa vacina. No entanto, hoje existem muitas formas de se prevenir e o tratamento antirretroviral é muito eficaz”, destaca a médica.