Ela ganhou o título de 'Rainha da sofrência' logo após sucesso de álbum de estreia em 2016. As músicas de Marília Mendonça arrebataram o Brasil com letras e melodias intensas e românticas. Mais do que cantar sobre a sofrência de um amor não correspondido ou de uma traição, ela empoderou as mulheres ao falar com simplicidade e honestidade sobre temas cotidianos a partir do olhar feminino no sertanejo. Marília morreu, aos 26 anos, nesta sexta (5), após a queda de um avião de pequeno porte perto de uma cachoeira na serra de Caratinga, interior de Minas Gerais. Mais quatro pessoas morreram no acidente: o produtor Henrique Ribeiro, o tio e assessor da cantora Abicieli Silveira Dias Filho, o piloto e o copiloto do avião. Considerada uma das artistas mais populares do sertanejo, ela liderou uma reviravolta feminina no gênero, que impôs mulheres como protagonistas do estilo até então dominado quase apenas por homens, a partir de 2016, no chamado feminejo. "Infiel", "Como Faz com Ela" e "Alô Porteiro" são hits do álbum de estreia, que logo catapultou Marília ao sucesso nacional e ao título de "Rainha da Sofrência". Ela deixa um filho, Léo, que completa dois anos em dezembro, do relacionamento com o sertanejo Murilo Huff. Marília chegou a escrever "Música do Léo" para o filho. O último álbum que a cantora lançou foi "Patroas 35%", em parceria com a dupla Maiara e Maraisa. O trio comemorava a indicação ao Grammy Latino deste ano e tinha turnê marcada para 2022. Veja entrevista abaixo. Elas chegaram a lançar o clipe de "Fã Clube" nesta sexta (5), inclusive Marília fez vídeos divulgando a música antes de embarcar para Minas Gerais.
Fotos Inéditas, de um dos primeiro show de Marília Mendonça
Em 2011, quando o ex-sócio da Página "ENQUANTO ISSO EM GOIÁS", André Colussi descobriu a jovem Marília no canal de YouTube. Video simples mas a potente voz chamou atenção de André que veio para Goiânia ajustar detalhes com a cantora para divulgar sua voz e suas composições na internet, exclusivamente no perfil ENQUANTO ISSO EM GOIÁS, foi onde tudo começou a carreira da Marília Mendonça. [gallery type="thumbnails" ids="25282,25283,25284,25285,25286,25287,25288,25289,25290,25291,25292,25293,25294,25295,25296,25297,25298,25299,25300,25301,25302"] Fotos inéditas tirada por Evandro Duarte, hoje dono do portal e perfil do ENQUANTO ISSO EM GOIÁS.
Compositora desde criança
Marília Dias Mendonça nasceu em Cristianópolis (GO) em 22 de julho de 1995. Ela vendeu, aos 16 anos, sua primeira composição, "Minha Herança", para a dupla João Neto e Frederico. Foi com essa música escrita aos 12 anos que Marília começou a chamar atenção na cena sertaneja. Ela entrou para a Workshow, um dos maiores escritórios de sertanejo do país, como compositora e conseguiu emplacar músicas que foram gravadas por Henrique e Juliano (“Cuida Bem Dela”), Lucas Lucco (“Saudade Idiota”) e Cristiano Araújo ("É Com Ela Que Eu Estou"). O primeiro EP como cantora foi lançado em 2014 e já tinha músicas como "Alô Porteiro" e "Sentimento Louco". Mas foi com o álbum de estreia, "Marília Mendonça", de 2016, que ela conseguiu projeção nacional com a canção "Infiel" e ganhou o título de "Rainha da Sofrência". O feminejo foi a tendência mais forte na música popular brasileira a partir daquele ano e isso se refletiu nas paradas de sucesso. Tanto que o clipe da música que fala de traição bateu mais 1 bilhão de visualizações. "Folgado", "Saudade do Meu Ex" e "Eu sei de Cor" são outras faixas do álbum que rapidamente viraram hits também. Em entrevista ao g1 naquele ano, Marília explicou o sucesso do feminejo, com letras empoderadas sob a ótica da mulher. "A mulher parou de cantar o que o homem quer ouvir e passou a cantar o que a mulher gosta de ouvir. Antes, as mulheres tinham que ouvir a música voltada para o homem", afirmou, em 2016. "Mas mulher também trai, bebe, não aguenta homem folgado. Às vezes, pode ser até os mesmos assuntos, mas com uma abordagem diferente, mais feminina". Leia a entrevista na íntegra.
Na escalada do sucesso, Marília lançou o DVD "Realidade", gravado em Manaus, com outros sucessos como "Amante não tem lar", "Eu Sei de Cor" e "De Quem é a Culpa", em 2017. A parceria de longa data com Maiara & Maraisa, cantoras que são amigas antigas de Marília, foi registrada em álbum pela primeira vez no "Agora É que são elas", de 2016. Dois anos depois, elas lançaram um segundo volume. O maior projeto da carreira de Marília foi o "Todos os Cantos", quando a cantora excursionou pelo Brasil e gravou uma música em cada capital. Ela aparecia de surpresa na cidade e fazia apresentações de graça em praças públicas. Desse álbum saíram sucessos como: "Ciumeira", "Todo Mundo vai Sofrer", "Apaixonadinha", "Supera" e "Graveto". No final de 2019, Marília fez uma pausa na carreira no sétimo mês da gravidez do filho Léo, fruto do relacionamento com o sertanejo Murilo Huff. Eles tiveram um namoro de idas e vindas, mas não estavam juntos desde setembro. Léo estava com o pai na hora do acidente. "Estou dando uma pausa no meu AUGE, literalmente. O auge do meu amor, o auge da minha vida, o auge da minha felicidade, o auge do meu crescimento como mulher, o auge do meu amadurecimento. Pensou que eu tava falando de SUCESSO, né? Acertou. Como eu não seria bem-sucedida tendo em meu ventre o meu grande amor, que eu já escuto os sinais de chegada? Enfim, com lágrimas nos olhos, anuncio que, oficialmente, pausei a minha vida pra esperar a minha vida", escreveu Marília, no Instagram, quando anunciou a pausa na carreira em 2019. Depois que voltou aos palcos, Marília estava tocando o projeto "Patroas", com a dupla Maiara e Maraisa. Elas lançaram um álbum homônimo em 2020 e o "Patroas 35%", em setembro deste ano. A turnê foi anunciada com um grande evento em outubro e já tinha ingressos à venda. Figura querida no mundo da música, Marília gravou com artistas como inúmeros artistas e de diversos gêneros, como Anitta, Gal Costa, Henrique & Juliano, Leo Santana, Luísa Sonza, Tierry, Roberta Miranda, Chitãozinho & Xororó e Jorge & Mateus. Na pandemia, a cantora fez a live mais assistida do mundo no YouTube com 3,31 milhões de visualizações simultâneas. Com esse número, superou transmissões do fenômeno sul-coreano BTS e do tenor italiano Andrea Bocelli. Marília estava retomando a agenda de apresentações após mais de um ano e meio sem ver o público. O último show foi na segunda-feira (1º), em Sorocaba (SP). Horas antes do avião cair, ela gravou vídeos em que estava feliz indo para os shows do final de semana em Minas Gerais.