O Globo Repórter percorreu três regiões do Brasil para mostrar os efeitos das mudanças climáticas. Manguezal destruído no Espírito Santo já liberou mais de 1 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera
O Globo Repórter viajou por três regiões do Brasil para mostrar paraísos naturais que estão ameaçados. No Espírito Santo, o repórter Mário Bonella encontrou um cenário espantoso: um manguezal inteiro destruído.
Repórter Mário Bonella em manguezal destruído no Espírito Santo
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“Dá um sentimento ruim, de tristeza mesmo. Ainda mais o manguezal, que a gente sempre ouviu que é um berçário, é um lugar onde a vida começa... e aqui está parecendo um cemitério”, disse.
Em 2016, o fenômeno El Niño foi levado ao extremo pelas mudanças climáticas, gerando uma tempestade sem precedentes. Chegou a chover granizo no local.
Manguezal morto já liberou mais de 1 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera
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“Bolas de gelo do tamanho de uma bolinha de pingue-pongue. Não há relatos disso, nem no Espírito Santo, nem no Brasil. Uma anomalia. Foi uma devastação de cerca de 500 campos de futebol. A gente não imagina perder um ecossistema quase inteiro em poucos anos. A gente escuta histórias sobre isso, lê, mas quando visualiza, está e pisa em um lugar como esse, devastado por mudanças do clima, é assustador”, afirmou o ecólogo marinho Angelo Bernardino.
O manguezal morto já liberou mais de 1 milhão de toneladas de CO2 na atmosfera. O equivalente a uma cidade com 100 mil brasileiros ao longo de um ano.
“Os manguezais, entre muitos outros serviços que eles nos promovem, abrigam muita quantidade de carbono. Eles sequestram muito carbono nos seus solos. Então, com a morte dessa floresta, deixaram de sequestrar e se tornaram uma fonte de carbono. O carbono que foi acumulado aqui durante centenas de anos, quando essa floresta era saudável, ele começa a ser perdido, a ser emitido de volta para a atmosfera”, explicou Angelo.
Repórter Mário Bonella com o ecólogo marinho Angelo Bernardino no manguezal
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“Na mesma época em que esse manguezal aqui no Espírito Santo morreu, houve uma morte intensa de manguezais na Austrália, por exemplo, por causas provavelmente bem similares”, completou.
Há 30 anos, líderes de 178 países se reuniram no Rio de Janeiro, na conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente: a ECO-92. Cientistas alertaram para o perigo do aquecimento global. O pesquisador Angelo Bernardino pontuou que se tivéssemos levado mais a sério o que foi discutido na época, provavelmente não teríamos um cenário tão intenso atualmente.
“A gente tinha a esperança de que o planeta ia se conscientizar com uma rapidez grande, o que, infelizmente, não aconteceu. Mas ainda tem tempo, a gente não pode desistir. Temos que usar esses exemplos para conscientizar as pessoas e os governantes de que ações são necessárias”.
Globo Repórter mostra a necessidade de proteger os manguezais
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Segundo Angelo, o manguezal destruído pode ser recuperado: “Existem técnicas de replantio, de revegetação. Inclusive, a melhor forma de recuperar um ecossistema perdido é usar o próprio ecossistema para aquela área”.
Veja a entrevista completa no vídeo abaixo.
‘Uma anomalia’, diz pesquisador sobre manguezal destruído no Espírito Santo
Fonte: https://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2022/06/03/manguezal-destruido-no-espirito-santo-ja-liberou-mais-de-1-milhao-de-toneladas-de-co2-na-atmosfera-uma-anomalia-diz-pesquisador.ghtml