21/02/2023 às 10h17min - Atualizada em 21/02/2023 às 10h17min

Para fugir das ISTs siga o bloco da prevenção neste carnaval

Especialista confirma que essa época de fato favorece o aumento das infecções sexualmente transmissíveis, mas alerta que mesmo durante a alegria da folia não se pode esquecer um adereço fundamental: o preservativo

O carnaval chegou, e sim, nesta época muitas pessoas estão mais abertas à prática de relações sexuais mais fugazes, ou seja, sem a necessidade de um comprometimento emocional mais duradoro. Mas, seja numa relação que dure até a quarta-feira de Cinzas ou num relacionamento de mais tempo, não dá para ficarmos fora do bloco da prevenção.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 – realizada em parceria entre o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de IST [infecção sexualmente transmissível] ao longo do ano, o que corresponde a 0,6% da população com mais de 18 anos.

Embora, ao se falar de ISTs, as pessoas lembram mais facilmente do HIV, HPV e da Sífilis, a médica ginecologista Rita de Cássia Borges, especialista que atende no Órion Complex em Goiânia, explica que existem mais de uma dezena de enfermidades infecciosas que são transmitidas pelo contato sexual e ela cita algumas delas: herpes genital, clamídia, gonorreia, tricomoníase, hepatite B, candidíase genital, cancro mole, donovanose e HTLV.

Causas

Segundo a médica, as ISTs são causadas por vírus, bactérias, fungos ou parasitas que são transmitidos de uma pessoa para outra por meio do ato sexual. Ela explica que os principais sintomas nessas situações são coceira, presença de feridas, corrimento, odor ou dor no local da lesão. “Já outras ISTs podem causar mudanças na cor ou textura da pele genital, incluindo manchas, vermelhidão ou inchaço”, acrescenta a médica, que orienta ainda a procura de um médico em caso de alguns desses sintomas, especialmente após algum ato sexual recente.

Mas a ginecologista alerta que algumas infecções sexualmente transmissíveis são silenciosas, ou seja, não resultando em sintomas mais fortes ou de imediato.  “A clamídia e gonorreia, por exemplo, são infecções desse tipo e muitas vezes são diagnosticadas quando estão em um estágio mais avançado”, explica. Uma dica dada pela médica é a pessoa fazer um exame ou teste de IST sempre que perceber que se colocou em alguma prática sexual de maior risco, como sexo sem preservativo ou com um parceiro ou parceira que desconhecido o com quem se tem pouca intimidade.


Preservativo, adereço obrigatório

A médica confirma que o carnaval é de fato uma época em que favorece o aumento das ISTs, mas alerta que mesmo durante a alegria da folia não se pode esquecer um adereço em especial. “O uso obrigatório de preservativos com certeza é a melhor maneira de prevenir as ISTs”, alerta. 

Outra dica dada pela especialista é a hidratação do corpo, pois a desidratação pode afetar a função sexual e aumentar o risco de contrair essas infecções. A média cita outras orientações que são importantes: “É preciso estar sempre atento às atitudes durante o momento da folia, como por exemplo, evitar parceiros múltiplos. Saber, sempre que possível, um pouco do histórico sexual de seu parceiro ou parceira. São comportamentos que podem ajudar a evitar o risco de contrair uma IST”, alerta. 

Exames preventivos

A médica orienta a quem estiver sexualmente ativo a fazer periodicamente alguns exames simples que podem detectar muitas dessas infecções. A especialista lembra ainda que para todas as ISTs há tratamento, mesmo para aquelas que ainda não há cura, como o HIV/AIDS.

Manter o esquema vacinal em dia é outra dica importante para a prevenção das ISTs. “A vacina contra o vírus do HPV, por exemplo, previne a maioria das complicações relacionadas a essa enfermidade, incluindo o câncer do colo do útero. Da mesma forma é importante se vacinar contra a hepatite B”,  destaca.  Confira a seguir mais informações sobre as ISTs mais frequentes.


HPV

“A infecção é causada pelo Papilomavírus Humano ou simplesmente HPV (conforme a sigla em inglês) e pode levar a uma série de complicações, incluindo verrugas genitais”, esclarece.  Ela  diz que as  verrugas genitais, ardência e coceiras são sintomas desse tipo de infecção, mas destaca que geralmente ela é uma doença assintomática, por isso a importância da vacinação, tanto para meninas quanto para meninos. 

Tanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) ressaltam a importância de tomar a vacina de HPV Quadrivalente ainda na infância (a partir dos 9 anos de idade), o mais precocemente possível, antes do início da vida sexual. Essa é a maneira mais eficaz de evitar a infecção por HPV. Porém, a vacina pode ser tomada mesmo após o início da vida sexual, preferencialmente até os 45 anos para mulheres e até os 27 anos para os homens. Contudo, homens e mulheres em idades acima da faixa etária mencionada também podem ser beneficiados com a vacinação, de acordo com critério médico.

A médica explica que a necessidade maior de se tratar o HPV, além de eliminar esses desconfortos, é o risco da enfermidade evoluir para um tipo de câncer. No caso das mulheres, o HPV pode causar câncer do colo do útero e câncer do pênis nos homens. 

HIV

Dados do Ministério da Saúde, mais precisamente da última edição do Boletim Epidemiológico - HIV/AIDS 2022, revelam que em dez anos (entre 2011 e 2021) a incidência do vírus HIV, uma IST para qual ainda não há cura ou vacina, registrou uma queda de 26,5% em sua na taxa de detecção na população brasileira. Apesar desse decréscimo, os números do boletim demonstram que os homens são ainda o público mais vulnerável para esse tipo de infecção sexualmente transmissível. 

Neste mesmo período de dez anos, a taxa de detecção apresentou uma queda muito mais expressiva entre as pessoas do sexo feminino, 43,6%, e uma redução de 16,2% no público masculino. A médica Rita de Cássia destaca que essa maior incidência entre os homens reforça a necessidade de um melhor trabalho educativo para esse gênero. Entre janeiro de 2021 e dezembro de 2022, em Goiás,  3.071 casos de HIV e a faixa etária de maior contaminação entre adultos foi a de 20 a 39 anos, que responde por 56% dos infectados. 

Apesar da associação entre HIV e AIDS ser quase automática, ela diz que há diferenças entre esses dois termos. “A AIDS é o estágio final da infecção pelo vírus HIV, que ataca e destrói as células do sistema imunológico. A doença deixa o organismo da pessoa sem condições de se defender contra outras doenças”, pontua. 

Sífilis

Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é outra IST  muito disseminada entre adultos jovens. A doença tem cura, mas se não for diagnosticada e tratada, pode causar complicações. “Dependendo do seu estágio, se não for tratada, pode durar anos e tornar-se mais grave com o passar do tempo”, alerta a ginecologista Rita de Cássia. Em 2021, foram registrados no Brasil mais de 167 mil novos casos de sífilis adquirida, com taxa de detecção de 78,5 casos para cada grupo de 100 mil habitantes no País.

Clamídia e gonorreia

Conforme a  ginecologista e obstetra Rita de Cássia, a clamídia e a gonorreia são ISTs silenciosas, por isso é possível que uma pessoa esteja contaminada sem saber. Sendo assim, ela ressalta a importância do uso do preservativo, sempre. 

A gonorreia é uma IST provocada por uma bactéria chamada Neisseria gonorrhoeae, também conhecida como gonococo. “A chance de contraí-la em uma relação desprotegida com parceiro contaminado chega a 90%. É importante ressaltar que a esterilidade é uma das possíveis complicações a longo prazo que pode ser causada por essa infecção”, alerta a especialista. A clamídia, também está entre as  ISTs mais comuns e que mais provoca infertilidade. 

 

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