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04/09/2023 às 16h55min - Atualizada em 04/09/2023 às 16h55min

Novas formas de economia estimulam a inclusão social e o empreendedorismo

Cases de sucesso mostram como as economias solidária e colaborativa contribuem com a geração de trabalho e renda e combate à pobreza e ainda incentivam o empreendedorismo, redução do desperdício e sustentabilidade

O advento e a democratização das tecnologias de comunicação trouxeram mudanças significativas para a sociedade e a disseminação de modelos econômicos mais inovadores, criativos e sustentáveis foi uma delas. É o caso das moedas sociais, como a Palma, Mumbuca e XporY.com, que ganharam força nos últimos tempos como forma de fomentar a economia local, combater a pobreza e promover a inclusão social. 

Hoje, estima-se que 150 moedas sociais já estejam em circulação no Brasil, mas a Palma foi a grande pioneira deste modelo de negócio. A moeda própria do Conjunto Palmeiras, uma favela situada em Fortaleza, no Ceará, foi criada em 1998, pelo Banco Palmas, com a proposta de estimular o consumo local. 

Funciona da seguinte forma: cada palma equivale a um real e possibilita a aquisição de produtos, mercadorias e serviços em estabelecimentos e fornecedores conveniados do próprio bairro. Com isso, pequenas empresas começaram a surgir e, inclusive, a gerar trabalho e renda para os moradores da comunidade. Considerado o primeiro banco comunitário do Brasil, o Banco Palmas também oferece linhas de crédito, pagos na moeda social, com prazo de pagamento acessível e taxa de juros bem baixas. 

O mecanismo de microcrédito, ou seja, a concessão de pequenos financiamentos para a população mais pobre, sem nenhuma garantia exigida como contrapartida, foi criado por Muhammad Yunus, em Bangladesh, com o objetivo de estimular o empreendedorismo e os pequenos negócios, bem como combater a pobreza. O bengalês e o Grameen Bank inclusive ganharam o Prêmio Nobel da Paz de 2006 por gerar desenvolvimento econômico e social a partir da base. 


Mumbuca

Outro case de sucesso é a Mumbuca, moeda social criada há 10 anos pela Prefeitura de Maricá, que também tem paridade de um para um com o real e é adotada no pagamento de diferentes benefícios sociais. Um deles é o programa Renda Básica da Cidadania (RBC), que concede, para cada membro da família, 200 mumbucas mensais para pagar as compras realizadas na cidade.  

Somente este programa, que foi o primeiro a ser implementado na cidade, beneficia 42,5 mil cidadãos inscritos no Cadastro Único da União, que residem no município há pelo menos três anos e cuja renda familiar não ultrapasse três salários mínimos. Segundo a Prefeitura de Maricá, a iniciativa injetou na economia da cidade mais de R$ 1 bilhão, totalizando uma média atual de 15 mil transações por minuto. 

Essas são apenas algumas práticas de economia solidária, modo específico de organização das atividades econômicas caracterizada pela autogestão e pela igualdade entre os seus membros. Outro modelo econômico alternativo que também vem se destacando nos últimos tempos é a economia colaborativa, modelo de negócios pautado no compartilhamento, e não na aquisição de bens e serviços.


XporY.com

Mais do que um exemplo, a X por Y é, hoje, considerada a maior rede de economia colaborativa do país. Criada em 2014, a fintech investe em uma alternativa para profissionais e empresas gerarem valor com seus serviços e produtos: as permutas multilaterais. Na plataforma, empresas podem monetizar sua capacidade ociosa e adquirir um produto ou serviço de outra empresa com o crédito adquirido em moedas digitais. 

E isso tudo com um grande diferencial: não há cobrança da taxa de adesão, mensalidade e anuidade e pessoas físicas e jurídicas de qualquer poder econômico podem se cadastrar e negociar qualquer tipo de produto ou serviço, com total autonomia na negociação. Na X por Y, apenas uma comissão de 10% é cobrada sobre o valor do item comprado, ou seja, apenas quando o cliente utiliza seu crédito em Xis, moeda utilizada pela plataforma. 

O modelo garante, além de redução da capacidade ociosa, aumento do giro de estoque; redução dos gastos em reais, na aquisição de produtos e serviços essenciais; e melhor performance financeira da empresa. “Sem falar que a X por Y também funciona como uma vitrine para a empresa ou o profissional autônomo”, complementa Rafael Barbosa, especialista em economia colaborativa e fundador da plataforma que já soma, hoje, cerca de 4 mil cadastrados, em sua maioria profissionais autônomos, micro e pequenos empreendedores. 


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