08/12/2022 às 23h07min - Atualizada em 09/12/2022 às 00h00min

Organização indígena critica investigação e repudia decisão que soltou suspeito de enterrar corpos de Bruno e Dom

Em comunicado, Univaja afirmou que as autoridades brasileira tratam com descaso as investigações sobre a morte do indigenista e do jornalista inglês.

G1 Brasil
https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/12/08/organizacao-indigena-critica-investigacao-e-repudia-decisao-que-soltou-suspeito-de-enterrar-corpos-de-bruno-e-dom.ghtml

Em comunicado, Univaja afirmou que as autoridades brasileira tratam com descaso as investigações sobre a morte do indigenista e do jornalista inglês. Bruno e Dom forma mortos em junho, no AM.
Reuters/Ueslei Marcelino
Em comunicado à imprensa, nesta quinta-feira (8), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) repudiou a decisão judicial que concedeu liberdade condicional ao pescador Laurimar Lopes Alves, preso durante uma operação contra pesca ilegal no Vale do Javari, no Amazonas. A organização também fez crítica a forma como as investigações em torno do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips estão sendo conduzidas.

Além de ter sido alvo da operação da Polícia Federal (PF), Laurimar também é suspeito de ter ajudado a esconder os corpos de Bruno e Dom, assassinados em junho. Ele é cunhado de Amarildo Costa de Oliveira, acusado de ter cometido os dois homicídios.
Segundo a organização, a soltura do pescador é "retrato do descaso das autoridades brasileiras" em solucionar os dois assassinatos.
"Esse fato corrobora ao que nós, há muito tempo, estamos denunciando sobre o descaso das autoridades brasileiras competentes em solucionar o caso (...). Já são cinco meses desde a morte de Bruno e Dom, nos parece que as investigações estão sendo feitas de forma paliativa ou que estão simplesmente parada.", diz a nota.
No documento, a Univaja também cita que o crime organizado segue presente na reserva indígena e as lideranças da região seguem sendo vítimas de ameaças.
"O que é mais preocupante, de não estarem tomando nenhuma providência hábil e emergencial para conter a atuação do crime organizado dentro e nas adjacências da TI Vale do Javari. Além disso, precisamos de ações efetivas para garantir que nada disso aconteça a nós (lideranças indígenas) e aos nossos parentes. Nossos parentes, lideranças e os servidores da Funai continuam sendo ameaçados, além de viver em um clima de insegurança e de tensão.", alerta o comunicado.
Bruno Pereira e Dom Phillips
Reprodução/GloboNews
Ainda por meio da nota, a Univaja ressaltou que as promessas feitas por diferentes órgãos para a criação de uma base a ser montada para intensificar as investigações ainda não foram cumpridas.
"Em junho, em reunião realizada entre nós, da Univaja, e o Procurador-Geral da República (PGR), Augusto Aras, o PGR se comprometeu em criar uma força-tarefa com todos os órgãos de Estado que atuam na região - Ministério Público Federal (MPF), Polícia Federal (PF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Polícia Militar do Amazonas, para que seja criada uma base com todos os recursos disponíveis para intensificar as investigações. E o local para instalação deveria ser a cidade de Atalaia do Norte (AM). Todavia, passados mais de cinco meses, nada foi feito.", concluiu o documento.
O g1 questionou os órgão mencionados pela Univaja, e aguarda posicionamento.
Justiça mandou soltar Laurimar
A Justiça Federal do Amazonas mandou soltar, na terça-feira (7), o pescador Laurimar. Na decisão, o juiz federal Fabiano Verli condicionou a soltura do pescador ao pagamento de fiança no valor de R$ 2 mil.
O Ministério Público Federal (MPF) se pronunciou contra a concessão da liberdade provisória, mas a Justiça entendeu que desde a prisão de Laurimar, encontrado com uma arma de fogo e redes de pesca, nenhum outro indício surgiu para justificar a manutenção da prisão preventiva.
Quanto à arma, bem, trata-se de ribeirinho que mora em local visitado por animais nocivos e sem qualquer patrulha de qualquer polícia, infelizmente. Isso não torna a posse legal, mas justifica a narrativa de que sua posse, dentro do postulado de razoabilidade, não necessariamente quer dizer intenção de usá-la contra os demais comunitários. [Desde agosto,] nada de novo apareceu. Ou, pelo menos, nada de novo foi acostado pelo MPF aos autos", argumentou o juiz ao conceder a liberdade provisória a Laurimar.
Além da fiança, o juiz estabeleceu que Laurimar compareça mensalmente à sede da Justiça Federal de Tabatinga ou à Justiça Estadual de Atalaia do Norte ou Benjamin, para demonstrar estar à disposição das ordens judiciais. As três cidades amazonenses ficam próximas uma da outra.
O documento também estabelece que Laurimar deverá permanecer em reclusão domiciliar por tempo integral, exceto por quatro horas diárias, para atividades de trabalho, em caso de emergência de saúde comprovada e nos casos de saída para comprimento de deveres com a Justiça. Ele também está proibido de manter "qualquer contato com os demais acusados ou pessoas que já tenham relatado se sentir ameaçadas por ele".
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Fonte: https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2022/12/08/organizacao-indigena-critica-investigacao-e-repudia-decisao-que-soltou-suspeito-de-enterrar-corpos-de-bruno-e-dom.ghtml

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