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28/02/2023 às 23h47min - Atualizada em 01/03/2023 às 00h00min

Três réus são condenados por envolvimento em execução de jovem que teve morte gravada em vídeo no RS

Vinicius Matheus da Silva, Paulo Henrique Silveira Merlo e Carlos Cleomir Rodrigues da Silva foram condenados nesta terça-feira (28). Penas aplicadas variam entre 8 anos e 26 anos. Na quinta (2), outros três réus do processo serão julgados.

G1 Brasil
https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2023/02/28/tres-reus-sao-condenados-por-envolvimento-em-execucao-de-jovem-que-teve-morte-gravada-em-video-no-rs.ghtml



Vinicius Matheus da Silva, Paulo Henrique Silveira Merlo e Carlos Cleomir Rodrigues da Silva foram condenados nesta terça-feira (28). Penas aplicadas variam entre 8 anos e 26 anos. Na quinta (2), outros três réus do processo serão julgados. Júri de acusados de feminicídio de jovem que teve execução gravada em Porto Alegre
Juliano Verardi/TJ-RS
Três réus acusados de matar e ocultar o cadáver de Paola Avaly, de 18 anos, foram condenados após julgamento realizado nesta terça-feira (28) pela 4ª Vara do Júri de Porto Alegre. Vinicius Matheus da Silva deverá cumprir 28 anos de reclusão, Paulo Henrique Silveira Merlo, 8 anos e 10 meses e Carlos Cleomir Rodrigues da Silva, 16 anos e 2 meses. Eles responderão pelos crimes de feminicídio — à exceção de Paulo, condenado por homicídio simples — e ocultação de cadáver. Todos estão presos desde 2018.
A Defensoria Pública, que representa Paulo Henrique e Carlos Cleomir, afirmou que "irá recorrer da decisão nos autos do processo, no que julgar necessário, para tentar diminuir a pena imposta". O advogado Igor Garcia avalia que "dentro da confissão do Vinicius, a pena parece bem aplicada".
O corpo da vítima foi encontrado em maio de 2018 na Vila Tamanca, no bairro Lomba do Pinheiro, Zona Leste da Capital. A execução foi filmada, e o vídeo foi divulgado por aplicativos de mensagens e redes sociais.
Os outros três réus vão a julgamento na quinta-feira (2). Nathan Sirangelo é apontado como o mandante do crime. Ele teria ordenado a execução de dentro da Cadeia Pública de Porto Alegre por conta de postagens de Paola, com quem manteve relacionamento, nas redes sociais. Bruno Cardoso Oliveira é acusado de planejar o crime e convocar os outros participantes. Thais Cristina dos Santos é acusada de ceder a casa para esconder a vítima, indicar o local e filmar a execução.
Um adolescente, também envolvido no crime, foi processado na esfera da Infância e da Juventude e condenado em agosto de 2018 a cumprir medida socioeducativa de internação sem possibilidade de atividades externas.
Polícia encontrou corpo da jovem no dia 17 de maio, na Vila Tamanca, no bairro Lomba do Pinheiro
Polícia Civil/divulgação
Interrogatório dos réus
Durante o interrogatório, Vinicius confessou que efetuou os disparos contra Paola. Segundo o réu, ele matou a vítima por ciúme. A ideia inicial, conforme o homem, era “dar um susto nela”, mas “a raiva bateu mais forte”.
''Matei por raiva, por causa da traição'', alegou Vinícius, que se disse arrependido.
Carlos foi quem falou na sequência. Ele disse que não conhecia a vítima e que só conheceu os outros réus na cadeia.
O terceiro a falar foi Paulo. Ele afirmou ser usuário de droga e relatou que Vinicius pediu para ele abrir a cova, mas que não viu Paola no local.
O que motivou o crime
De acordo com a Polícia Civil, a ordem para que Paola fosse morta partiu de dentro da Cadeia Pública de Porto Alegre, do namorado da vítima, Nathan Sirangelo. Ele estava preso por tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e tentativa de homicídio. Ainda assim, conforme a polícia, ele gerenciava uma facção criminosa no bairro Bom Jesus, na Capital.
O casal se conheceu em dezembro de 2017, por uma rede social. Nathan já estava preso nessa época, e começou a receber visitas íntimas de Paola, que logo se tornou sua companheira. A jovem se mudou para a casa de familiares do preso e passou a ser sustentada por ele.
De acordo com a polícia, durante uma visita, os dois brigaram e Paola foi agredida por Nathan, deixando a cadeia com lesões corporais. Um agente penitenciário precisou intervir. O caso, porém, não foi registrado.
Poucos dias antes da execução, eles brigaram e a jovem terminou o namoro. Ela foi ameaçada por Nathan e publicou nas redes sociais uma mensagem chamando o companheiro de "corno". Segundo a delegada Tatiana Bastos, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Porto Alegre, esse post foi sua sentença de morte.
Como aconteceu a execução
A jovem desapareceu no dia 13 de maio, quando combinou de se encontrar com duas pessoas que, de acordo com a polícia, teriam sido indicadas por Nathan – Vinicius e Carlos. A dupla foi buscá-la de carro na localidade conhecida como Cefer Dois, no bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre, e a levou até o local determinado pelo namorado, uma residência na Vila Tamanca, no bairro Lomba do Pinheiro.
No local estavam também um adolescente, um outro homem (Paulo) e uma mulher (Thais). Paola foi amarrada e colocada em uma cova rasa, onde permaneceu por horas. A jovem falava ao telefone com Nathan, para quem pediu desculpa. No entanto, depois de sofrer tortura psicológica por parte dos criminosos, foi executada com dois tiros no rosto a mando de Bruno, gerente da mesma facção na área onde o crime foi consumado.
A delegada relatou, ainda, que o vídeo foi feito por Thais no celular da própria vítima. As imagens serviriam para enviar como prova para Nathan e Bruno que o "serviço" havia sido cumprido. O local do crime foi escolhido para tentar despistar a polícia, até mesmo por ficarem distantes cerca de 10 quilômetros um do outro.
O trabalho da polícia
A polícia chegou, inicialmente, ao mandante do crime, que também era namorado da vítima. A partir dele, conseguiu identificar outros suspeitos. Vinicius Matheus da Silva, apontado como responsável pelos dois disparos que vitimaram Paola, foi preso no dia 19 de maio. À polícia, ele confessou o crime. Além dele, a polícia também identificou Nathan e Bruno como mandantes. Os dois, contudo, já estavam presos na Cadeia Pública de Porto Alegre.
Depois de um mês de investigação, a polícia concluiu o inquérito nesta semana e prendeu os demais envolvidos no caso. Thais (responsável pelo vídeo), Carlos (que levou Paola até o local da execução) e um terceiro homem, que não teve a identidade revelada, e teria protegido Thais Cristina, também foram presos. Por fim, foi cumprida a última prisão pelo caso, de Paulo Henrique, apontado como responsável por cavar a cova onde o corpo de Paola foi escondido. Além dele, um adolescente que estava no local do crime foi apreendido.
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Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2023/02/28/tres-reus-sao-condenados-por-envolvimento-em-execucao-de-jovem-que-teve-morte-gravada-em-video-no-rs.ghtml
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