Estudo mostra que desenvolvimento sustentável e inclusivo é urgente para manter a floresta em pé e para o progresso econômico do país Trecho remanescente da floresta amazônica ao lado de campos de soja em Belterra, no Pará, em foto de novembro de 2019. AP Photo/Leo Correa, file Relatório divulgado pelo Banco Mundial estimou que o desmatamento da Floresta Amazônica coloca em risco mais de US$ 317 bilhões por ano. O chamado "valor da Floresta Amazônica" avalia a capacidade da floresta de proteger o solo e manter o regime de chuvas, permitindo o seu uso sustentável pelo poder público e pelas empresas. Em março, segundo o sistema Deter, do do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia Legal teve 356 km² de área sob alerta de desmatamento. O número foi o terceiro maior para o mês desde o começo da série histórica em 2016. O Amazonas foi o estado que mais desmatou, com 127 km². O Pará vem em seguida, com 83 km², e Mato Grosso com 80 km². Segundo o relatório, o modelo de produção adotado no Brasil é insustentável e aproxima a Amazônia do que classificam como ponto de inflexão -- ou seja, quando as mudanças climáticas e o desmatamento levam a danos irreversíveis. O desenvolvimento global, de acordo com o estudo, aumentou a demanda por commodities agrícolas e minerais, o que contribuiu para impulsionar o crescimento da economia brasileira nas últimas décadas. No entanto, trouxe também o aumento desenfreado do desmatamento na Amazônia Legal, que contempla os estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso. A publicação defende, como caminho alternativo a curto prazo, a adoção de uma política ambiental que inclua governança fundiária e florestal. Para os pesquisadores, o desenvolvimento da Amazônia Legal deve ser reforçado pelo financiamento da conservação para proteger as florestas e investir em crescimento sustentável. "A proteção da riqueza da floresta é fundamental. O Brasil perderia as chuvas que sustentam a agricultura, que são fonte para energia elétrica. O Brasil não tem condições de arcar com tal perda", justificou Johannes Zutt, diretor do Banco Mundial para o Brasil. Os recursos, sugerem os pesquisadores, podem vir de: Títulos verdes ou empréstimos verdes; Títulos vinculados à sustentabilidade; Crédito de carbono; Financiamento de desenvolvimento doméstico; Financiamento de desenvolvimento internacional. Em janeiro desde ano, Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional afirmou que o governo federal pretende lançar títulos verdes ainda em 2023. A proposta ainda não tem data para estreia. Os títulos verdes são instrumentos de dívida emitidos para financiar projetos relacionados à meio ambiente. Diversificar o modelo econômico A pesquisa aponta ainda que o Brasil precisa diversificar a sua matriz econômica e aumentar a produtividade da indústria e dos serviços, que hoje respondem por 23,9% e 68,2% do Produto Interno Bruto (PIB), respectivamente. Na avaliação dos pesquisadores, com as mudanças, o Brasil pode diminuir a disputa por terras, a exploração irregular do território e garantir que o modelo de desenvolvimento não se baseie apenas na extração de recursos naturais. E, com isso, melhorar o bem-estar da população local, com a valorização dos trabalhadores da região. “O foco na produtividade urbana complementa outros esforços que visam a aumentar a renda (da população local) e proteger as florestas da região”, explica Marek Hanusch, economista sênior do Banco Mundial e coordenador do estudo.