11/06/2023 às 23h08min - Atualizada em 12/06/2023 às 00h00min

Exclusivo: mensagens mostram como suposto espião russo atuava no Brasil

Sergey Vladimirovich Cherkasov está preso em Brasília, mas é disputado entre os governos dos EUA e da Rússia; veja como anda a investigação.

G1 Brasil
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Sergey Vladimirovich Cherkasov está preso em Brasília, mas é disputado entre os governos dos EUA e da Rússia; veja como anda a investigação. Investigação da PF vai ouvir amigos brasileiros de espião russo preso em Brasília
Em abril de 2022, a história de Sergey Vladimirovich Cherkasov ficou conhecida após o governo holandês devolvê-lo ao Brasil após chegar em Amsterdã para estagiar no Tribunal Penal Internacional, em Haia. Ele se apresentou como brasileiro, chamado Victor Muller Ferreira. Em novembro do ano passado, o Fantástico mostrou como Sergey se passou por brasileiro desde a sua chegada em 2010 e detalhes da prisão.
Em mensagem de texto para um colega de espionagem, examinadas pela Polícia Federal, Sergey conta que conseguiu a papelada brasileira com a ajuda de uma amiga que trabalhava em um cartório em São Paulo. Em áudio obtido com exclusividade, o russo fala sobre essa facilidade. VEJA NO VÍDEO ACIMA.
"Se um dia você precisar de uma menina num cartório aí que pode dar um jeito para várias coisas é só ligar, entende?" diz ele, aos risos.
Em áudio obtido com exclusividade, russo fala sobre pessoa que o teria ajudado em um cartório de São Paulo.
TV Globo/Reprodução
Em outra mensagem para um colega, obtida pelo FBI, a polícia federal americana, ele diz que é bem fácil convencer a moça porque era muito religiosa e achava que, ajudando o próximo, iria para o céu.
Em São Paulo, de 2010 a 2014, Sergey morou em vários lugares e até tinha aulas diárias de forró. Arrumou namoradas, alugou imóveis e saiu do Brasil por 15 vezes, até ser preso pelo uso de passaporte brasileiro falso.
Russo produziu documentos falsos com o nome de Victor Müller.
TV Globo/Reprodução
Rotina na prisão
Depois de nove meses na carceragem da Polícia Federal de São Paulo, Sergey foi transferido no começo de 2023 para o Presídio Federal de Brasília. Segundo apuração do Fantástico, nas últimas semana ele passou para uma área isolada após circular o rumor de que ele era um espião.
Imagens exclusivas mostram o russo dentro do presídio onde também cumprem pena, entre outros, o chefe de facção Marcola e o sequestrador Andinho. VEJA NO VÍDEO ACIMA.
Disputa entre potências
Durante audiência, Sergey disse que a sua vontade é de voltar para a Rússia. Esse também é o desejo do governo de Vladimir Putin, que acusa o cidadão de tráfico de heroína com pena a ser cumprida em seu país.
"Eu quero ser extraditado para a Rússia e eu concordo com as acusações que a Rússia fez. Eu pretendo responder aos fatos dos meus crimes que são alegados na Rússia", falou.
Durante audiência, o suposto espião disse que gostaria de voltar para a Rússia.
TV Globo/Reprodução
De acordo com o site investigativo Bellingcat, no entanto, o nome de Sergey só foi inserido recentemente em um processo de tráfico que já existe há anos na Rússia e não tem nada a ver com ele. Essa seria uma estratégia dos russos para repatriar o espião.
O problema é que os Estados Unidos também querem Sergey Cherkasov, alegando que ele praticou espionagem quando fazia mestrado em relações internacionais, entre 2018 e 2020, na Universidade Johns Hopkins, em Washington.
"É embaraçoso para o Brasil estar no meio dessa situação. O instituto da extradição é uma forma de evitar que pessoas cometam crimes em determinado país e consigam evitar o cumprimento da pena fugindo para outro. E, geralmente, quando espiões são capturados eles passam por um processo de troca entre os países. Então, provavelmente, se ele for extraditado para os EUA, vai haver uma negociação entre EUA e Rússia pela devolução dele da Rússia em troca de outros prisioneiros", explica o professor Vitélio Brustolin.
Essa decisão, no entanto, só será tomada após a finalização das investigações da Polícia Federal sobre possíveis atividades de espionagem no Brasil. Enquanto isso, na cadeia, ele já recebeu visita de representantes russos.
Nesta semana, a mulher citada por Sergey e um amigo próximo dele em São Paulo, que é procurador dele no Brasil, serão ouvidos. A polícia tenta entender qual o papel deles na história da espionagem.
Procurada, a Polícia Federal não quis se manifestar. A ex-funcionária do cartório que teria ajudado com os documentos falsos não retornou às mensagens. Já o amigo de Segey não quis dar entrevista.
O advogado do suposto espião e a embaixada russa também não responderam aos contatos.
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