12/06/2023 às 22h44min - Atualizada em 13/06/2023 às 00h00min
Câmara de Canguçu abre comissão para investigar vereador que chamou servidora de 'neguinha'
Francisco Vilela (Progressistas) não teria percebido que o microfone da sessão estava ligado quando proferiu as ofensas. Polícia Civil instaurou inquérito para investigar as falas. Caso ocorreu no dia 5 de junho.
Francisco Vilela (Progressistas) não teria percebido que o microfone da sessão estava ligado quando proferiu as ofensas. Polícia Civil instaurou inquérito para investigar as falas. Caso ocorreu no dia 5 de junho. Vereador de Canguçu, no Sul do RS, ofende servidora na Câmara Municipal A Câmara de Vereadores de Canguçu instaurou, nesta segunda-feira (12), uma comissão para investigar suposta quebra de decoro parlamentar contra o vereador Francisco Vilela (Progressistas). Na sessão de 5 de junho, o político, referindo-se a uma servidora do município, a chama de 'neguinha, puta'. Veja vídeo acima. A representação foi protocolada pela advogada Cibele Bernardes. A votação foi unânime, com voto favorável inclusive do próprio vereador. Na tribuna, ele se pronunciou sobre a fala. "Eu conversei em particular num momento que a sessão estava suspensa. Falei em particular com o colega, bobagem, é verdade. Não acho que tenha sido correto o que eu disse. Infelizmente por falha na casa, não vou apontar quem nem nada, falha no sistema, o microfone estava aberto e a conversa vazou", afirmou o vereador, que nega ter ofendido a servidora, e nega ter cometido racismo. "Não ofendi ninguém. Eu tava conversando com meu colega vereador, numa conversa particular e era um problema nosso". O g1 tentou contato com o vereador Francisco Vilela após a aprovação da comissão, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. Em contato anterior, ele alegou que ''não quer se manifestar'' e que só vai falar na Justiça. Durante a sessão, foram sorteados os vereadores que irão compor a comissão que analisará o pedido de cassação: Oraci de Souza Teixeira (PSB), Ildo Venzke (MDB) e Emerson Henzel (PTB). A autora da representação afirma que o vereador "agiu contra todos os princípios da moralidade que regem e servem de esteio para o exercício do cargo público que ocupa" "O cumprimento do exercício no cargo de vereador exige que seja pautado pela defesa do Estado Democrático de Direito, bem como pela luta na promoção do bem-estar e pela eliminação das desigualdades sociais'', diz trecho da representação. Vereador Xico Vilela (PP) falou as expressões em intervalo de sessão do dia 5 de junho TV Câmara Canguçu / Reprodução Relembre o caso A sessão ocorreu no dia 5 de junho. Os vereadores haviam votado um projeto que troca a nomenclatura do cargo de auxiliar de enfermagem para técnico, na esfera municipal. Cerca de 20 profissionais da prefeitura acompanhavam a sessão, na plateia. O vereador Francisco Romeu da Silva Vilela (Progressistas), conhecido como Xico Vilela, não teria percebido que o microfone da sessão estava ligado. A fala ocorreu após a votação, em que a servidora estava presente. Nas imagens, Xico Vilela aparece à esquerda do vídeo conversando com um outro vereador. Ele está vestido de cinza. A servidora, que prefere não ser identificada, afirma não ter percebido o xingamento no dia da sessão. ''No outro dia de manhã de novo, o meu telefone não parou de tocar. As pessoas dizendo 'escuta direito, porque ele fala o nome de alguém'', diz. Depois disso, ao ouvir o trecho do vídeo, que foi transmitido ao vivo pelo YouTube da Câmara, a servidora afirma ter escutado o vereador falar ''essa neguinha é puta, puta''. Logo em seguida, ele menciona o nome do pai da servidora. ''Aí me dei conta de que era de mim que ele tava falando''. Na quarta-feira (7), a Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar as falas do parlamentar. De acordo com o delegado Lauro Lonardi, nos próximos dias serão ouvidos o vereador, a servidora e testemunhas. Francisco Vilela (Progressistas) Foto: Divulgação VÍDEOS: Tudo sobre o RS
