29/10/2018 às 11h02min - Atualizada em 31/10/2018 às 17h31min

Cidade de Goiás Velho: turismo histórico que vale a viagem

No último feriado, resolvi matar a curiosidade e fui fazer turismo na Cidade de Goiás, antiga Vila Boa, também conhecida como Goiás Velho. Fundada em 1729, no auge do ciclo do ouro, a cidade foi capital do estado de Goiás até 1937, quando a sede do governo foi transferida para Goiânia. O que ficou por lá foi um acervo histórico e arquitetônico que valeu cada segundo da longa viagem de carro a partir de Brasília. Agora vou fazer um breve relato dessa viagem, com dicas de quando ir, trajeto a partir de Brasília, condições da estrada, hotel, restaurantes, museus e um apanhado geral sobre o que fazer na Cidade de Goiás Velho, que agora considero uma das cidades históricas mais bonitas do Brasil.

Goiás Velho, Cidade de Goiás ou Villa Boa de Goyaz? Em 1736, pouco depois de sua fundação, o nome era Vila Boa de Goyaz. Depois tornou-se simplesmente Goiás. Usa-se o Cidade apenas para diferenciar do nome do estado. Goiás Velho é apenas um apelido da velha capital. Mesmo com a mudança de nome, quem nasce lá ainda é chamado de vilaboense. [caption id="attachment_13107" align="alignleft" width="302"]
Vista para a igreja[/caption]

Quando ir para a cidade de Goiás Velho

Atravessada pelo Rio Vermelho e aos pés da Serra Dourada, a Cidade de Goiás é quente, úmida e abafada o ano inteiro. Tem basicamente duas estações do ano, a seca e a chuvosa. Para fazer turismo sem sofrimento, a melhor época é na estação seca, nos meses de maio, junho, julho, agosto e setembro. Desses, prefira junho e julho, quando as temperaturas são mais agradáveis, numa média de 17 ºC a 32 ºC. E é praticamente impossível chover nesses meses. No restante do ano, além das altas temperaturas, que não raro ultrapassam os 40 ºC, o problema são as fortes chuvas. Em dezembro e janeiro cai o maior volume de água. Por exemplo, foi em janeiro de 2001 a enchente que varreu violentamente o centro histórico da cidade. Quanto à lotação, o feriado mais importante na cidade é a Semana Santa, quando acontece a Procissão do Fogaréu. Outra data importante para o turismo na cidade é o Carnaval. Se for em algum desses feriados, melhor reservar hotel bom bastante antecedência.

Principais distâncias até a cidade de Goiás Velho

• Goiânia – 142 km • Brasília – 316 km (caminho mais curto) ou 330 km (caminho que eu fiz) • Caldas Novas – 336 km • Uberlândia – 483 km • Cuiabá – 766 km • Belo Horizonte – 981 km • São Paulo – 1072 km  

Condições da estrada entre Goiás Velho e Brasília

Na ida, apesar de GPS indicar um caminho mais curto passando por Pirenópolis, preferi fazer a viagem na pista dupla até Anápolis. Em seguida, passei por Nerópolis, Inhumas e Itaberaí. Em Anápolis até o GPS se perdeu naquele labirinto mal sinalizado, mas no geral correu tudo bem. As pistas simples estavam em boas condições e muitos trechos estavam com obras de duplicação. Fiz em cerca de 4h30. Melhor escolha. Na volta, resolvi testar o caminho mais curto, passando por Pirenópolis. Péssima escolha. De Itaberaí até a Belém-Brasília, a estrada é de terra e cheia de obras inacabadas de asfaltamento. Cerca de 80 km de poeira e desvios. Chegando na BR foi ainda pior. Os 33 km de Belém-Brasíla, até o trevo de Pirenópolis, estava com trânsito intenso e pesado. Fiz em mais de 5 horas. Pior escolha.

Onde ficar em Goiás Velho – Dicas de hotéis

Apesar de ser a cidade histórica mais bonita e preservada de Goiás, a antiga Vila Boa tem poucas opções de hospedagem. Pra não ficar na dúvida, escolhi logo a pousada mais barata da cidade naquela data, a Pousada PortalCion. Lugar simples, pouco antes da entrada da cidade. O ar-condicionado do quarto conseguiu vencer o calor saariano do dia e a simpatia do proprietário fez valer a escolha. Essa pousada fica a 2 km do Centro Histórico e é melhor ir de carro. Mesmo no feriadão, a cidade tinha muitos lugares pra estacionar. Mas, se um dia eu voltar na Cidade de Goiás,  faço questão de me hospedar em frente ao rio e à Casa de Cora Coralina. O único hotel nessa localização privilegiada é o Casa da Ponte, onde as diárias custam, em média, de R$ 180 a R$ 480, e é preciso reservar com bastante antecedência para encontrar vaga.
Hotel Casa da Ponte, em frente ao Rio Vermelho e à Casa de Cora Coralina.
 

O que fazer na cidade de Goiás Velho

Os índios Goya foram massacrados pelos bandeirantes e deles só restou o nome. O ouro foi levado para Portugal. Tudo isso apoiado pela Igreja Católica, que ergueu inúmeros templos na cidade. Dito isso, saibam que não faço turismo religioso. Mas aqui nesse site tem uma lista com as principais igrejas de Goiás Velho, incluindo a famosa Igreja do Rosário: construída em 1934, em estilo neogótico, seu interior tem pinturas do frei italiano Nazareno Confaloni. De qualquer forma, a fachada é realmente bonita e se destaca no panorama da cidade.

• Ruas históricas e arquitetura preservada

Achei a Cidade de Goiás Velho muito mais bonita do que Pirenópolis. Além do centro histórico ser maior, as casas são mais bonitas e preservadas. Arquitetura colonial que marcou época em Goiás. Passei em algumas casas com as portas abertas e reparei na histórica sala de espera, sempre com um banco para os convidados menos íntimos aguardarem o dono da casa. Comparando com outra cidade histórica, também achei Goiás Velho mais bonita do que Alcântara, no Maranhão. As ruas e calçadas de pedras são um charme. Os postes de iluminação urbana também nos levam a uma viagem no tempo, principalmente no fim da tarde, quando acendem naquele amarelo que parece coisa de séculos atrás.

• Praça do Coreto, picolés e sorvetes

A caminhada pelas ruas de Goiás fica ainda mais legal na chegada à Praça do Coreto. Linda, mas pouco explorada pelo turismo, a cidade está parada no tempo. E é nessa praça que o sentimento fica ainda mais óbvio. Com o calor desumano naquela tarde de outubro, lembrei da dica que tinha lido no blog I Love Trip e fui direto para o coreto comprar sorvete. Lá dentro estava um forno, tive pena de quem trabalha ali. Mas os picolés de frutas do cerrado são excelente, bem melhores do que qualquer um da franquia “Frutos do Cerrado”. O sorvete lá também é muito bom.

• Casa Museu de Cora Coralina

A “casa velha da ponte”, narrada pela poetisa mais famosa de Goiás, é mesmo um dos pontos altos do turismo em Goiás Velho. De família rica, Cora Coralina herdou o casarão em ponto privilegiado da cidade, na rua da Igreja do Rosário e bem na esquina da ponto do Rio Vermelho. A visita vale a pena. O ingresso é barato e dá acesso ao interior da casa, com direito a guia contando momentos marcantes da vida de Cora Coralina. Sua cozinha, seu quarto, seu imenso quintal. Está tudo ali, preservado. É proibido tirar fotos no interior do museu. Os ingressos estavam R$ 8 por pessoa. Horários de funcionamento: de terça a sábado, das 9h às 16h45 e aos domingos e feriados, das 9h às 13h. Mais informações e fotos no site oficial do Museu Cora Coralina.  

Outros museus e pontos turísticos da Cidade de Goiás Velho

Estes eu não visitei, mas podem entrar no seu roteiro em Goiás Velho se você tiver mais tempo por lá. • Espaço Cultural Goiandira do Couto – Epxosição de obras da renomada artista goiana, que pintava com as pontas do dedos, utilizando areias da Serra Dourada. (mais) • Palácio Conde dos Arcos – Foi a primeira sede do governo da província e hoje expõe móveis e outros objetos antigos. (mais) • Museu das Bandeiras – Antiga cadeia e prédio legislativo, hoje guarda armamentos, roupas, arte sacra, documentos, ferramentas de garimpo e outros objetos históricos.  (mais) • Casa da Fundição do Ouro • Cachoeira das Andorinhas – Em menos escala do que Pirenópolis, o turismo em Goiás Velho também está ligado a suas cachoeiras, como essa que é uma das mais famosas da cidade. (mais)  

Onde comer em Goiás Velho

Fã incondicional da culinária goiana, cheguei na Cidade de Goiás como fome de empadão. Para minha alegria, o prato é vendido por toda a cidade. Comi no Bar do Cajá, em mesa colocada em plena Praça do Coreto. Me senti a própria Cora Coralina ali saboreando aquela massa fina recheada de molho de frango e temperos.
Na mesma rua Maximiano Mendes, um pouco à frente da praça, comi também no Tapioca do Cerrado. É o restaurante mais bonitinho da parte histórica da cidade. Tapioca boa, atendimento bom e proprietária simpática. Mas em volta da Praça do Coreto tem outros restaurantes que fiquei com vontade de conhecer. Principalmente a pizzaria Ouro Fino e o bistrô e café Dedo de Prosa. -- Essa dica de viagem peguei em um site muito bacana, confere as outras dicas no Buenas Dicas  


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